Professor, pastor, teólogo e educador corporativo Textos escritos para a coluna semanal no Correio Popular, da cidade de Campinas e texto escritos depois de 2021, que tratam de temas nacionais, internacionais, sobre igreja e teologia
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terça-feira, 23 de junho de 2009
QUASE CHOREI
terça-feira, 16 de junho de 2009
BOQUIRROTO
sexta-feira, 12 de junho de 2009
A QUESTÃO DA VIDA
Trago viva a lembrança vivida em minha infância. Minha avó materna e um tio viviam com a gente e em casa havia um fogão à lenha, centro da vida familiar. Certo dia apareceu a possibilidade de trocar o velho fogão por outro a gás. As conversas à mesa, na hora da janta (naquele se tempo ainda se jantava!) era acalorada com meu pai defendendo a novidade e os outros reticentes ou contrários. Lembro-me que um dos argumentos brandidos era que o café já não mais estaria à disposição sempre quente, pois não haveria fogo para mantê-lo aquecido.
Outro argumento era de que o feijão feito no fogão moderno não tinha o mesmo gosto do feito em fogão à lenha (até hoje ouço este argumento e não consigo entender, confesso, porque se é o calor que cozinha, qual a diferença ente os calores?).
Quando olho para trás, percebo que a questão não deveria ser se deviam ou não trocar, mas quando deveriam fazê-lo. Há mudanças que vem para ficar e não aceitá-las é ficar fora do mundo. Assim foi com a imprensa, quando muitos a acusaram de poder disseminar mentiras, imoralidades, etc. Foi assim com o cinema, a televisão, o telefone e o celular. Não é uma questão de saber se deviam ou não aceitar, mas quando deviam adotar as novidades.
A mesma questão vale para o computador e a internet. Muitos foram (e ainda são) críticos severos da modernidade, acusando tudo o que de mal está acontecendo com os filhos e casamentos. Mas parece que os críticos de então e de agora se esqueceram e se esquecem de olhar quanta coisa simplificou com as novidades. Minha avó não mais precisou rachar lenha, nós os netos não mais precisamos recolher a madeira, não mais havia panela pretejada para lavar. O café quente foi solucionado com a garrafa térmica que veio logo depois e não mais se tomou café requentado.
De igual maneira, os críticos da modernidade da internet se esquecem que ela é que possibilita uma série de comodidades. O banco online, os endereços à mão, a localização de amigos, o conversar com o mundo, o ter dados e informações na ponta dos dedos, são poucas das muitas coisas que mudou para melhor.
Toda mudança implica em riscos, em ajustes, em dores de parto até que a coisa venha à luz. Criticar a gravidez sem olhar o fruto por vir é burrice. Não há novidade, avanço, sem algumas dores.
quarta-feira, 3 de junho de 2009
COMPORTAMENTO RETRIBUTIVO
terça-feira, 26 de maio de 2009
COMIPÇÃO
Nos últimos meses tive a oportunidade de conversar com algumas pessoas que tem ou tiveram relações estreitas com os corredores do poder, tanto em nível federal, estadual, como municipal. Nas conversas, como é óbvio, não poderia deixar de tocar o tema da corrupção e os casos que vieram à tona, notadamente os relacionados ao Senado e a farra das passagens aéreas.
Nas considerações que ouvi, houve uma unanimidade: o que veio à tona é só a ponta do iceberg, só uma pequena ponta de tudo o que ocorre nos descaminhos do poder. Cheguei à conclusão de que se cobra comipção (neologismo formado de comissão e corrupção) até na compra de palito de dente.
Segundo estes, há muita coisa, como favores prestados a deputados e senadores que traficam influência, viciam licitações para que sejam vencidas por quem “financiou” suas campanhas, aceitam sobrepreços, pagamentos de pilares inexistentes em túneis e pontes, metragens descumpridas em estradas, capa asfáltica 50% menos espessa e largura de estradas mais estreitas do que está no contrato, o que dá ganhos exorbitantes às empreiteiras. Há os “pedágios” mensais em base a um porcentual sobre a arrecadação nos serviços “privatizados”.
Um deles me contou de uma farra financiada há mais de uma década por um empresário que levou de passeio a Mônaco mais de dez deputados e senadores e alugou um iate ao custo de US$ 120.000,00 dólares/dia.
O outro me perguntou se eu acreditava que a farra dos pedágios e o jardineiro fantasma eram os casos mais cabeludos da Câmara de Campinas. Ele me disse que a celeuma em cima da identificação dos carros usados pelo poder municipal é quase nada diante de outras coisas. Ele me pediu que prestasse mais atenção às mudanças nas leis de zoneamento, contratos sem licitação feitos em regime de urgência, custo do aluguel dos carros, a forma como certos “empregados” são pagos por agências de publicidade e locadores de veículos, como forma de camuflar gastos.
Na segunda-feira houve uma manifestação dos donos de postos de gasolina, vendendo o produto sem os impostos para que a população se conscientize do quanto há embutido no preço. Houve onde se vendeu o produto a R$ 1,27. Se remédio genérico paga 37% de imposto, se vacina para animal é isento, se escola paga mais tributo que lotérica, dá um mal estar danado. É um dinheiro que vai pelo ralo, falcatruas de ilustres “otoridades”.
Quando pergunto a estas pessoas se há esperança eles me afirmam que não vêem luz no final do túnel, que a cultura da comipção é arraigada no Brasil, que a população tem um comportamento bovino de passividade. De minha parte, não voto mais em ninguém que tenha mandato. É meu não à reeleição.
quarta-feira, 20 de maio de 2009
A BENÇÃO DA DIFERENÇA
terça-feira, 12 de maio de 2009
SEM PODER FICAR, NEM SAIR
terça-feira, 5 de maio de 2009
ATOLADO NO ESGOTO
quarta-feira, 29 de abril de 2009
Igrejas Históricas da Paz
Volto, depois de dez anos, à República Dominicana, país que já visitei mais de vinte vezes, em função de trabalho de educação teológica que aqui realizei, sendo diretor de um seminário. À primeira impressão, parece que muita coisa mudou, pois novas avenidas, viadutos e túneis se abriram para escoar o tráfego e os cortes de luz parecem menos freqüentes e mais curtos.
No entanto, quando entro pelo país adentro, especialmente indo em direção ao Haiti, percebo que as coisas continuam iguais ao que era e, talvez, em alguns lugares, ainda mais complicado. No domingo estive em um Batei (vila de haitianos ilegais que vem à República Dominicana para trabalhar nos canaviais) e conclui, falando com as pessoas, que as coisas continuam iguais e talvez piores. Hoje vou a outro Batei onde os moradores viviam do trabalho do corte da cana e que já não tem o que fazer porque a usina fechou. Sem trabalho e na condição de ilegais, não podem sair da vila onde vivem, com medo de serem capturados pelas autoridades.
Neste contexto, as Igrejas Históricas da Paz (Irmandade, Menonitas e Quáqueros) se reuniram para convocar uma Conferência que busque ações concretas para reduzir a violência, no marco da Década para Redução da Violência. A tarefa é hercúlea, as formas de violência são múltiplas, mas algo se deve fazer, ainda que seja plantar grãos de mostarda.
Historicamente estas três igrejas tem se dedicado a elaborar uma teologia da paz e a buscar formas concretas de implementá-la. Representantes destas igrejas foram responsáveis por várias ações mundiais de denúncia da guerra, qualquer que seja, como pecado. Muitas ações foram desenvolvidas para os objetores de consciência (jovens que se negam a servir ao exército por razões de consciência), formas alternativas de serviço durante a guerra (criou-se um hospital em San Juan, Porto Rico para atender aos feridos de guerra e os que lá serviam não seriam chamado às armas). Também há forte mobilização entre os membros das Igrejas Históricas de Paz pelo desarmamento das nações e pessoal. Membros destas Igrejas tem se notabilizado por serem estudiosos das técnicas de resolução de conflitos e mediação, tendo, inclusive cursos universitários voltados ao tema e vários trabalhando para a ONU e na mediação de conflitos internacionais.
A Conferência que agora se convoca tem por objetivo reunir estas experiências pela paz na América Latina, coordenar ações e disseminar a teologia da paz entre outras igrejas e movimentos, de tal forma que a paz deixe de ser sonho e se torne realidade nas ações diárias das pessoas.
Quero ser criança, sempre
Já tive oportunidade de contar minhas peripécias com meus netos e como aprendi com a história o real robot. Mas, talvez, a mais significativa, tenha sido uma que não diretamente relacionada ao robô. Estávamos em Shanghai em um dia chuvoso e sem muita opção de passeio. Fomos a um shopping com muitos brinquedos para crianças, mas coisas eletrônicas, onde a participação é mínima: você passa a ser o objeto da ação e não senhor dela.
Minha filha viu um cartaz de um show de acrobatas chineses e nos perguntou se queríamos ir ver. Os netos perguntaram o que era isto e ela explicou. Eles se animaram. Ao me perguntar e devolvi a pergunta: mas vamos poder aplaudir com entusiasmo? Ela respondeu afirmativamente.
Lá fomos nós. Sentamos na quarta fila e meus lados, um de cada lado. Começado o espetáculo eu coloquei o menor no meu colo para que pudesse melhor ver (sentou um cabeção à sua frente) e comecei a comentar que era difícil fazer o que o acrobata estava fazendo, que por trás da exibição havia muitas horas de treino. Ao final daquela apresentação, plauadimos com entusiasmo. Em seguida, o neto mais velho também para o meu colo e comecei a dizer “uau” e eles começaram a dizer “awesome” a cada coisa mais atrevida ou difícil. A certa altura estávamos todos de tal forma envolvidos e participando do show, que gritávamos “unbelievable”, “incredible” a cada pouco e os netos aplaudiam em pé. Era uma festa. Era como estivéssemos no palco juntos, fazendo com eles as coisas.
A filha e a esposa tentavam estavam desconfortáveis com nossa euforia.
Olhando para trás, acho que foram dois shows: o dos acrobatas no palco e o nosso na platéia. Saímos em êxtase, como se tivéssemos visto o indizível. Os netos chegaram ao hotel e contaram ao pai tudo o que haviam visto e não o deixaram dormir até bem tarde da noite, tentando reproduzir os saltos e contorcionismo que viram.
Voltando para casa, eles montaram um circo no porão e começaram a praticar saltos, a melhorar a performance. E eu com eles, incentivando e vivendo a criança com eles. No dia do aniversário da avó fizemos uma apresentação de acrobacia (se é que não ofendo os acrobatas chamando assim ao que fizemos).
O Reino é assim: ele nos entusiasma, nos convida a subir ao palco e brincar como crianças. Quando deles participamos queremos contar aos outros a nossa delícia de experiência e evangelizamos pelo entusiasmo e pelo convite a ser crianças como nós. E sendo crianças sempre, nos apropriamos da plenitude do Reino.