Li o
romance “1984” em 1976. Ele é a visão-pesadelo de George Orwell sobre o
totalitarismo. Publicado após a Segunda Guerra Mundial, permanece atual. Nele Orwell
trata do abuso do poder, a negação do eu e a erradicação do passado e do futuro.
Lembro-me de alguns pensamentos e sentimentos que me afloraram com a leitura.
Um
deles, a sensação de que 1984, que àquela altura estava tão próximo, não me
parecia que se concretizaria na data prevista pelo autor, mas que poderia
ocorrer em futuro mais longínquo. O outro foi a repulsa sentida com os
“reescritores da história”, encarregados que eram de reescrever os dados e
discursos do regime totalitário, para que ninguém pudesse acusá-lo de ter
mudado de opinião. Estes reescritores também se encarregavam de maquiar os
números de safras e produtividade, para mostrar um regime mais bonito do que na
realidade era.
Na
sequência li “Revolução dos Bichos”, e impressionou-me a facilidade com que se
mudavam as leis revolucionárias para criar uma casta e justificar os desmandos
do Porco Ditador. Incentivado pelas leituras anteriores li “Admirável Mundo Novo”,
de Aldous Huxley, onde o autor apresenta uma sociedade organizada
cientificamente. As pessoas são programadas em laboratório e domesticadas
segundo os interesses da sociedade. Elas não têm consciência crítica e aceitam
as notícias tal como lhes são passadas. A cultura (literatura, a música e o
cinema) só solidifica o conformismo. Há avanço da técnica, a linha de montagem,
a produção em série, a uniformidade, a obediência cega.