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terça-feira, 16 de junho de 2009

BOQUIRROTO

A sapiência humana já ensina há milênios que há mais sabedoria no silêncio que no muito falar. Os Provérbios bíblicos dizem que o falar é prata e o calar-se é ouro. Há ditado que diz que “quem muito fala, muito erra”.
Estes princípios me vieram à mente estes dias, e não pela primeira vez, por causa do nosso sindicalista-mór. Ele me dá a impressão que nunca desceu do caminhão de som do sindicato e que ainda não se deu conta de que não está na porta de indústria conclamando os companheiros.
Nesta semana o boquirroto veio a público dizer que a França iria indenizar as famílias dos acidentados no vôo. Imediatamente o governo francês emitiu nota negando e afirmando que o governo francês não tem nada a ver com isto (indenização) e que isto é coisa da empresa aérea.
Podia ter ficado quieto e não passaria por este vexame. O problema é que ele está fazendo escola. Semana antes, o ministro Jobim, sobre o mesmo assunto, disse o que não devia, afirmou o que não era verdade, e concluiu o que nem os mais renomados e reconhecidos peritos conseguiram.
A fala do guru-mór revela outra coisa, se não de forma consciente, mas por ato falho. Ao atribuir ao governo francês a responsabilidade que é da empresa aérea, ele revelou como vê a coisa pública e a separação dela com a privada. Não é de hoje que, no Brasil, a coisa pública é tomada como se privada fosse. Haja visto os recentes escândalos no Senado, Câmara, Petrobrás, etc... É o senador-presidente que tem neto e primas empregados no Senado por atos secretos e que “não sabia”, que empresta apartamento funcional em um gesto de caridade a um ex-senador doente, que recebe auxílio moradia sem ter pedido e sem ter notado que se lhe pagava tal benefício, é o outro que paga jatinho fretado com dinheiro nosso, que leva namorada para passear na Europa com passagens pagas com impostos, é o filho do homem que celebra contrato milionário com empresa telefônica para fazer não se sabe bem o quê, é o mensalão sustentado com verbas públicas segundo denúncia do Procurador Geral da República, e tantas outras coisas que vieram a público.
O cruzar da linha entre o público e o privado é a nossa história. E o partido de situação foi eleito pela bandeira que empunhou de moralidade no trato da coisa pública, mas o que se vê é o aparelhamento do estado e a transformação dele na república sindicalista. E o chefe falando o que não deve, falando mais do que deve e alegorizando como se a qualidade de um governo fosse proporcional à quantidade de metáforas produzidas. Lembrei do personagem do Jô Soares: “cala a boca, Batista”.

Marcos Inhauser