E tem todos os
ingredientes para ser.
Não há uma só prova
material de que ele tenha existido. Desde o ponto de vista da história e dos
comprovantes não há nada, absolutamente nada!
Não se sabe ao certo a
data do seu nascimento, o local exato em que isto se deu, onde viveu na
infância, se tinha irmãos ou primos, a linhagem da mãe e do pai, não há um só
documento que fale dele e que tenha sido escrito nos tempos em que supostamente
viveu, ele mesmo nunca escreveu nada e quando o fez foi na areia da praia, não
se tem uma relíquia dele, não se sabe exatamente onde foi crucificado e onde o
sepultaram. O que dizem ser provas são facilmente refutadas pelos meios
científicos.
Tem tudo para ser uma
estória.
Mas se é uma estória
como explicar algumas coisas? Como uma estória tão fantástica e ingênua pôde
durar tanto tempo? Como a estória de um filho gerado só da mulher, nascido em
condições insalubres, em local incerto, pôde ser contada durante tanto tempo?
Como uma estória de uma criança de pais desconhecidos, sem vínculos com os
partidos políticos e religiosos da época, com atuação na periferia de Israel,
pôde ser a estória mais contada e repetida na história da humanidade?
Como uma estória
destas, a partir da insignificância dos pais e do nascimento, marcado pela
ausência de maiores informações sobre sua infância e adolescência, tendo
surgido publicamente só aos trinta anos de idade (e até nisto há
controvérsias), com um fim tão trágico como foi a crucificação, pôde ser a mais
significativa estória da humanidade, ao ponto de ser divisor da história entre
o antes e o depois?
Como uma estória tão
simples pôde inspirar tantos compositores que escreveram mais belas músicas da
humanidade, haja visto o Aleluia de Haendel e tantos outros clássicos de natal?
Qual outra história foi mais encenada em palcos ao redor de todo o mundo que a
do natal? Qual outra estória mudou a vida de tanta gente como a do natal? Qual
outra estória produziu mais “conversões” que a do nascimento, vida e morte
dele? Qual outra estória tem mobilizado tanta gente para a solidariedade, a
fraternidade e ao perdão que esta estória?
Que me perdoem os que discordam
de mim e de milhões que assim acreditam: para mim não é estória e sim história!
Não preciso de provas
materiais e históricas para crer na realidade do natal (sem nem mesmo saber
exatamente a data e local). Não preciso ver um suposto pedaço do manto, da cruz
ou lágrimas colhidas por uma tal Verônica. Não preciso de um manuscrito escrito
por ele ou sobre ele, redigido nos dias em que ele viveu para acreditar que ele
é real. Para mim não se trata de estória, mas de fato da fé que historiciza a
sua presença em mim e através de mim.
Não preciso provar a
historicidade dele. Preciso viver a realidade da vida dele em mim e nos que,
como eu, acreditam nele. Não tenho a obrigação de “convencer” ninguém que ele
real, porque ele se encarrega disto pelo exercício da sua graça. Isto é tão
forte que Agostinho disse que a graça é irresistível! Quando ele quis mostrar
sua realidade a Paulo, este até do cavalo caiu!
Só afirma que o natal
é estória quem nunca “caiu do cavalo” pela graça de Deus. A queda faz com que a
estória vire história!
Marcos Inhauser