O noticiário
político/policial brasileiro tem revelado pérolas, babaquices e uma forte dose
de cinismo. O “homem de Deus” ungido que foi para ser autoridade sobre a nação
na qualidade de presidente da Câmara, também foi saudado como homem de fé e mão
de Deus para operar transformações neste momento delicado. O deputado Marco Feliciano se referiu ao presidente da Câmara dos
Deputados, Eduardo Cunha com
uma pergunta a Deus: até quando vais proteger Saul, proteger o que rejeitastes?
(fazendo uma alusão a presidenta Dilma). Marco
Feliciano se referiu ainda ao deputado Cunha como amigo, “eu fiz campanha para você e te defendo onde eu vou, porque você é
um grande homem de Deus”.
Este mesmo senhor que se antecipou indo à CPI onde negou que
tivesse contas não declaradas no exterior, pego na mentira, acusa, vê
conspiração, faz manobras, manipula e acoberta provas. O leitor de Bíblia e
participante das orações no bloco dos deputados evangélicos, saudado pela
igreja, a envergonha com suas mentiras e desfaçatez e a usa para lavar seu
dinheiro emporcalhado.
O jornal o Globo publicou em seu editorial que o
legislativo precisa atuar porque a situação de Cunha o inviabiliza para
continuar à frente da Câmara.
A mesma verdade deve ser aplicada ao Renan Calheiros,
porque, mesmo não tendo sido flagrado em uma mentira, tem contra si várias
acusações de se beneficiar do dinheiro da Petrobrás e de ter contas pessoais
pagas por um lobista, referentes ao seu envolvimento extraconjugal. A máxima
também se aplica à presidente, quem, por obra e graça da sua competência
econômica, fabricou as pedaladas fiscais e as replicou durante 2015.
Neste contexto se entende que as averiguações feitas pelo
MP e PF nos limites mais próximos ao Lula (especificamente ao seu filho,
prodígio na área de marketing esportivo), não deve ser visto e diagnosticado
pelos indigitados como trama para acabar com o PT e com a herança (sic) que o
chefe do clã deixou.
Há consenso nacional de que os denunciados devem ser
investigados e, comprovadas as falcatruas, devem pagar pelos seus erros. Todos
concordamos quando se trata de figurões.
Quando a coisa desce a escada, os mesmos que usam o
editorial do Globo para disseminar a ideia de cassação do Cunha, não explicam,
fingem não entender, se fazem de mudos, dão explicações cantiflinianas aos
pedidos de explicações de dinheiro que lhes foi confiado. Foram ávidos ao
receber e lentos (diria lesmáticos) para se explicar. Há quem, como certos
deputados e ministros que, em sendo inquiridos e tendo que prestar contas dos
seus atos, acham que a verborragia e a acusação dos requerentes os salvarão.
A ética
reivindicada do andar superior, precisa ser vivida no âmbito pessoal. As
mentiras do Cunha são tão mentiras quanto as que se conta à esposa, filhos, ovelhas
ou bispos, as que coloca em relatórios ministeriais ou em contabilidades
fraudadas. O certo, o verdadeiro não pode ser sinônimo de útil.
Quem pede a
saída do Cunha, Renan e Dilma, deve também sair se está mentindo ou enrolando
para se manter em postos ou posições que lhe tragam vantagens e benefícios. É
uma questão de coerência! Caso contrário será o roto acusando o rasgado, o
mentiroso exigindo a verdade.
Marcos Inhauser