Leia mais

Há outros artigos e livros de Marcos e Suely Inhauser à sua disposição no site www.pastoralia.com.br . Vá até lá e confira

Mostrando postagens com marcador Segóvia. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Segóvia. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 14 de março de 2018

QUAL O GANHO?

Na teoria sistêmica das relações há uma pergunta que se faz com frequência e que norteia e ajuda a diagnosticar situações aparentemente incongruentes: qual o ganho que a pessoa tem em se manter na atual situação?
Ela explica porque certos filhos são pacientes sintomáticos, pois, por mais dolorosa que possa parecer a situação aos que de fora a veem, o filho tem um ganho com seu comportamento, pois ele lhe garante a atenção dos pais ou, em caso de separação, lhe dá a satisfação de ver os pais conversando ou, até mesmo, estando juntos para tratar dos problemas do filho. Há filhos que aprontam porque isto lhes dá a garantia da atenção dos pais, ou, pasmem, a surra, única forma de ter um contato físico da parte deles.
Esta pergunta eu a tenho eito em relação ao Temer. Qual o ganho que ele teve em manter a indicação da Cristiane Brasil, contra tudo e todos? O que ele ganhou com tal insistência? A mesma pergunta eu a fiz com a indicação do Segóvia para a Polícia Federal, indo contra o Ministro da Justiça, a corporação e a opinião pública. O ganho teria sido agradar o Sarney? Só isto? O que mais havia na história?
Mais evidente fica a motivação para a intervenção no Rio de Janeiro. O ganho é a mudança do foco, saindo da reforma da previdência para uma questão de certo consenso nacional? Qual o ganho real que está por trás disto? Um aumento de popularidade? Uma possível candidatura à reeleição?
Qual o ganho do Jungman em deixar o Ministério da Defesa, mais tranquilo, e aceitar a bucha da intervenção e do Ministério da Segurança Pública?
Qual o ganho do Gilmar Mendes em soltar meio mundo? Qual o ganho do Barroso em quebrar o sigilo fiscal e bancário do Temer? Qual o ganho da Carmen Lúcia em antecipar a agenda do STF para os meses de março e abril, não abrindo espaços para uma nova rodada de discursos longos, tedioso, eivados de narcisismo, para debater o que, por duas vezes, já foi decidido?
Por que manter o Pezão como governador, no que pese as sentenças que tem, a incompetência administrativa comprovada? Por que não se cassou os direitos políticos da Dilma no impeachment, tal qual preceitua a Constituição? Qual o ganho do Marco Aurélio em ser sempre do contra? Só aparecer na mídia? Qual o ganho que está por trás da lentidão nos processos do Padilha, Moreira Franco, Renan, Jucá, Maia, Eunício e outros mais?
Mas esta pergunta muitas vezes é acompanhada de outra: qual o custo? No caso específico do Segóvia, porque o Temer teve que atropelar os procedimentos e dar de presente ao defenestrado delegado um assento na diplomacia, com o régio salário de R$50.000,00? Por que a saída dele custou tão caro para o Temer e para o país? Que segredos ou favores o Temer está pagando ao dar-lhe a função na embaixada da Itália? O que o Gilmar Mendes ganhou em defender com unhas e dentes o mandato do Temer no julgamento de improbidade e abuso do poder econômico da Chapa Dilma-Temer?
Há mais perguntas que respostas. Mas, espero, o tempo trará as respostas às perguntas.

Marcos Inhauser

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

FESTIVAL DA MESMICE

Eu tentei! E o fiz várias vezes. Confesso que não consegui gastar muito tempo vendo televisão nestes dias de Carnaval. Mesmo para ler ou ver o jornal foi problemático.
Há um abuso na quantidade de notícias parecidas e sem importância nos destaques das coberturas. Coisas como: “fulana comeu um cachorro quente”, “é maravilhoso estar aqui”, “gastei dois carros nesta fantasia”, “aqui estão as celebridades....”, “como você se sentiu desfilando pela ...”.
Dias destes, com a televisão ligada e tentando me interessar pelo que apresentavam, cochilei e, quando acordei, pensei que não tinha dormido ou que a imagem tinha congelado. Era a mesma imagem. Comecei a prestar atenção. Estavam passando algo do Bloco Tal na Tijuca, aí o narrador/apresentador dizia: “agora vamos ver como estão as coisas no Recife” e a coisa era igual. Mudava a cor da roupa, a música era igual, o bando de gente com lata de cerveja na mão, levantando as mãos e “sambando”. Mudava a cidade, o apresentador, mas as frases descritivas do que se via eram as mesmas, numa enxurrada de obviedades.
Tentei, por várias vezes, ao longo dos últimos anos, ver os desfiles das escolas de samba. Ou sou um analfabeto completo ou não vejo diferenças entre uma ou outra. É verdade que os carros alegóricos são diferentes, mas, para mim, a música dos sambas-enredo é parecidíssima. Parecem ter a mesma toada, a mesma melodia e a mesma cansativa e repetitiva interpretação. São 65 a 75 minutos com a mesma música que se caracteriza pela repetição dos bordões.
Além do mais, ficar pendurado na TV para ouvir comentarista esportivo e apresentadora de beldades apresentando o que posso ver, falando óbvio e se embasbacando quando a Tuiuti fez a crítica à legislação trabalhista e ao presidente vampiro, para mim é perda de tempo. Parece que a escola não passou pela avenida dado o mutismo que imperou, com falas prá lá de óbvias. Ler o que está escrito e que eu podia ler, é me xingar de analfabeto.
Não fosse o destempero do Segóvia com a entrevista em que antecipou o não-indiciamento do Temer e as repercussões do fato, o final de semana teria sido terrível. Não haveria o que ler e pensar neste fim-de-semana prolongado. O diretor-geral da PF, o indicado pelo Sarney, nomeado no atropelo pelo Temer, sem a anuência do Ministro da Justiça, sob quem deve trabalhar, veio a público pagar a fatura da sua nomeação. Em fato que nunca antes ocorreu, o Segóvia antecipou o resultado de uma investigação que não é dele, de um delegado que é um desafeto seu, de algo ainda inconcluso. Deu no que deu.
Veio a público com a mesmice: culpa da imprensa que disse o que ele não disse, que o que disse não é o que foi dito, que .... blá... blá... blá. Neste episódio a celeridade do Ministro Barroso e pedir explicações e em ordenar o “fecha a boca” se contrapõe à demora do STF em julgar o que se espera há anos. Recordista em processos inconclusos o STF deve explicações sérias e honestas por que o Renan, Jucá, Sarney, Maia, Padilha, Franco e outros, ainda não foram julgados.

Se o Carnaval suspende a vida nacional por alguns dias, se tudo parece ser cor-de-rosa nestes dias (ao menos para os carnavalescos), o Segóvia entrou no ritmo de jogar confetes no Temer e suspender o inferno criminal que o mesmo vive. A coisa melou. Ainda bem!
Marcos Inhauser