Leia mais

Há outros artigos e livros de Marcos e Suely Inhauser à sua disposição no site www.pastoralia.com.br . Vá até lá e confira

Mostrando postagens com marcador tolos. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador tolos. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 11 de setembro de 2019

FALSOS SÁBIOS


Na minha última coluna pontuei alguns aspectos característicos do sábio e do profeta e a distinção entre eles. Recebi alguns comentários que me levaram a refletir mais sobre o assunto e a ele quero voltar.
Tanto o sábio como o profeta são pessoas de fala comedida e campos limitados de atuação. Como eles não têm resposta para tudo, sabem que o silêncio é sabedoria. O sábio fala pouco porque sua fala é fruto da reflexão, análise, investigação e, assim creio, ele é sábio em uma ou outra área, mas não o é em todos os assuntos. Uma pessoa que se acha entendida em todas as áreas, que entende de cesariana a motor a explosão, não é sábia: é cega e não se enxerga. Elas me fazem lembrar uma coisa que vi escrita em um muro de uma oficina mecânica em Manágua, Nicarágua: “especialista em carros nacionais e estrangeiros”. A primeira questão que me veio à mente foi perguntar qual era o carro nacional nicaraguense. A segunda foi questionar como podia entender de tudo.
Disto se tem duas características para se conhecer o falastrão do sábio, o verdadeiro do falso: quem fala muito, dá bom dia prá cavalo, fala besteiras, vomita insensatez. Disto temos exemplos no cenário brasileiro, especialmente no campo da política. A segunda é que o verdadeiro sábio não fala do que não entende, não julga o que não sabe, não acusa de ser falso o que não compreende. Se o faz é tolo e não sábio. É falso sábio.
Fiquei a me perguntar e revisar minhas memórias de um falso sábio e, confesso, não o encontrei. A razão para isto é que o falso sábio é descoberto e desacreditado em pouco tempo. Basta algumas conversas para que sua tolice seja explicitada e o pretenso sábio passa a ser motivo de chacotas.
Quero acrescentar uma terceira característica: o falso sábio se proclama como tal. Ele se afirma como sábio, se comporta como se tal fosse, se intitula como tal. No máximo tem um séquito de alguns cegos tão tolos quanto ele, que o aplaudem, muitas vezes familiares tão tolos quanto. O verdadeiro sábio é reconhecido como tal e nunca autoproclamado.
Há outra questão. O sábio, me parece, se atém à área das humanas. Ele fala e se posiciona sobre comportamento, valores, ética, conflitos, etc. O equivalente do sábio para as ciências e arte é o gênio. Einstein, Da Vinci, Michelangelo, Thomas Edson, Pascal, Lavoisier não são chamados de sábios, mas de gênios. Einstein era gênio, mas no campo das relações humanas, especialmente nas relações familiares, era um desastre. Da Vinci era um procrastinador inveterado e entregou meia dúzia das muitas encomendas que recebeu e que por elas recebeu. Michelangelo era de difícil trato, bem retratado no filme “Agonia e Êxtase”. Prosaicas são as histórias sobre o gênio Steve Job.
No entanto, a bem da verdade, devo admitir, alguns poetas maravilhosos, escritores talentosos, músicos que quase nos fazem tocar o divino quando os ouvimos, ainda que estejam na área que eu definiria como própria para os sábios, não são assim chamados. Penso em Frost, Victor Hugo, Goethe, Platão, Aristóteles e outros que são mais comumente chamados de gênios e não de sábios.
Para finalizar, não é a política o campo para os sábios. Eles têm um compromisso com a verdade, coisa rara na política. Alguns bons políticos são chamados de estadistas, mas não de sábios. Abraham Lincoln talvez possa ser considerado como tal, Mandela é outro. Estadista é o título para os políticos que se destacam e lideram a classe. Muitos políticos, especialmente os falastrões, estão mais para tolos que para sábios.
Quem sabe ler entenderá!