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quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

HE IS A LOOSER

Quando morei em Chicago, ouvi a expressão algumas vezes. Sempre a tomei como adjetivo inofensivo. Estranhava a facilidade com que se dizia que o outro era um “idiot”. Isto, para mim, era pegar pesado.

Com o tempo percebi que o termo “idiot” não tem o mesmo peso e negatividade que tem no português. Da mesma forma a palavra “estupid”. Virou famosa a frase de James Carville em 1992, dirigida aos trabalhadores da campanha de Clinton.

Um dia, conversando com um executivo eu o ouvi, irado, chamar de looser a pessoa que ele estava detonando. Meio embasbacado com a expressão, pedi a ele que a refraseasse, para que eu a entendesse melhor e ele me disse: não há outra melhor “looser, looser, looser.”, reiterou enfaticamente.

Percebi que não tinha entendido o peso da expressão. Ao invés de pegar o sentido no original, estava traduzindo. Mais tarde vi duas pessoas discutindo. Quando uma delas se referiu à outra como looser, a ofendida partiu para as vias de fato.

Nestes dias ouvi a expressão aplicada ao Trump: ele perdeu a eleição, todas as ações judiciais que impetrou, o apoio de parte do seu partido, a presidência, a pose, o discurso, o Facebook, o Instagram, Twitter, o Parler, a votação do segundo impeachment, vai perder no Congresso, perdeu a casa onde morava porque despejado pelo voto, vai perder os holofotes e terá que enfrentar a enxurrada de ações, algumas criminais

Ele é um looser.

Sem dar o mesmo peso que a palavra tem no inglês, acho que a nosso Trump tupiniquim também é um colecionador de derrotas. Disse que montaria um ministério de notáveis e perdeu as estrelas da Justiça (Moro), da Saúde (Mandetta) e a outra (Guedes) até agora não mostrou a que veio. Se notáveis são o das Relações Exteriores, do Meio Ambiente, os três da Educação, o atual da Saúde, que me perdoe o idioma, não sei o que é notável. Só se ela se refere à notabilidade pelos desatinos que cometem.

Elencar as perdas sofridas no embate com o STF é fazer lista parecida à do supermercado, pela quantidade de itens. A investigação sobre a interferência na PF, a não nomeação do Ramagem, o depoimento oral no caso da PF, e por aí vai. Perdeu ao querer a possibilidade de reeleição do Alcolumbre. Viu seus apoiadores serem investigados e com as contas escrutinadas (Luciano Hang é um exemplo), a investigação do Gabinete do ódio está batendo à porta. Alguns bolsonaristas ativistas virtuais foram presos, o Godoy também, o Wassef está enrolado, o filho não explica as rachadinhas e ele não tem explicação para os depósitos na conta de esposa.

Na política, perdeu o apoio do Maia, não foi o responsável pela Reforma da Previdência, não conseguiu emplacar o Major Hugo como líder na Câmara, está tendo problemas para emplacar seu candidato à presidência da Câmara. Diante de tantas perdas teve que mudar o discurso, se aliar ao Centrão e fazer o fisiologismo que tanto atacou.

No caso das vacinas, perdeu todas. E quem vai salvar a lavoura será a vacina chinesa do Dória que ele execrou e disse que nunca a compraria. É a China, malhada por alguns ministros e pelos filhos, quem veio dar um oxigênio a um governo destrambelhado. Aquilo que era “vacina chinesa do Dória” agora “é vacina do Brasil e não de algum governador”. Uma coisa ele tem: muda de posição a cada troca de cueca, no que é imitado pelo Ministro da Saúde.

Marcos Inhauser