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quarta-feira, 5 de agosto de 2015

JOVEM, CRISTÃO, XIITA!

Em conversa com alguns colegas pastores temos levantado e trabalhado a questão de uma geração que tem se mostrado conservadora e agressiva. As conversas iniciaram-se a partir da pergunta: como é que os grupos terroristas islâmicos conseguem arregimentar jovens, grande parte deles instruídos e vivendo em países com alto grau de desenvolvimento? A pergunta decorrente foi: como é que movimentos radicais, dentro do cristianismo, têm conseguido arregimentar jovens?
Esta pergunta, se bem me lembro nasceu com a notícia de que a Universal havia formado um pelotão de jovens denominado “Guardiões do Altar”, os quais, entre outros cânticos tem este: “Eu não temo a Batalha / Nem o contra ataque do mal / Eu não temo a tempestade / Fui selado para vencer / Eu já me armei com o escudo da fé / E o capacete da salvação / Não temerei vou enfrentar / Eu correrei pra conquistar/ E saltarei pra celebrar / Gritarei e as muralhas cairão”. O espírito beligerante é claro. O fundamentalismo extravasa pelos poros.
O jovem Dylann Storm Roof, de 21 anos, se achou no direito de entrar em uma igreja negra e matar nove pessoas que participavam de um culto em uma igreja em Charleston. Na sua justificativa, afirmou que queria uma guerra civil com tendências supremacistas dos brancos. Em seguida, várias igrejas negras foram incendiadas.
Há outro tipo de violência dos jovens que ocorre, com mais frequência na internet, em locais onde está aberta a troca de opiniões e se pode fazer comentários. Invariavelmente, as colocações feitas são de cunho agressivo, ofensivo, violento. Há enorme dificuldade em aceitar que alguém possa ter posição diferente, mesmo que seja superficial. Em um destes sites “evangélicos” li comentários dignos de briga entre torcedores de times rivais, inclusive com o uso de palavrões. Alguns amigos me confidenciaram que tinham a ideia romântica de que poderiam fazer alguma diferença postando algumas observações críticas ou ponderações sobre o que outros haviam escrito. Desistiram. Um deles, de tradição ortodoxa, o que mais levou foi pedrada de outros ortodoxos.
Guga Chacra, que escreve para vários jornais e revistas e comenta temas internacionais na Globo, em seu blog no Estado afirma: “Comentários islamofóbicos, antisemitas e antiárabes ou que coloquem um povo ou uma religião como superiores não serão publicados. Tampouco ataques entre leitores ou contra o blogueiro. Pessoas que insistirem em ataques pessoais não terão mais seus comentários publicados. ... O blog está aberto a discussões educadas e com pontos de vista diferentes.” Pelo visto ele também já foi vítima de muitas pedradas.
A recente turbulência na Câmara Municipal de Campinas sobre a questão do ensino sobre gêneros nas escolas é prova desta virulência. Todos queriam falar, ninguém estava disposto a ouvir. Ofensas mil, acordo nenhum. Não houve diálogo, mas diátribe.
Dia destes um amigo teólogo, com doutorado na área, me perguntou se eu estava acompanhando os ataques dos fundamentalistas à “ingênua teologia da missão integral”. Disse que não. Ele me informou que os fundamentalistas estão atacando o conceito de missão integral (o evangelho todo para o homem todo) como tergiversação dos ensinos bíblicos. Preferem esquartejar o ser humano em “corpo, alma e espírito. Talvez façam isto pela falta de outro inimigo, porque a teologia da libertação já não vige como antes e a teologia relacional muito pouco adentrou no Brasil.
Assustadoramente, em pleno século XXI, estamos vendo o ressurgir de ideias de supremacia racial, de discriminação religiosa, de violência assassina contra a diferença.
Marcos Inhauser