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quarta-feira, 16 de agosto de 2017

HENOTEÍSMO E MONOTEÍSMO

Segue texto do meu amigo e teólogo Paulo Rückert:
A dura lição do exílio na Babilônia provocou o amadurecimento teológico dos judeus. O confronto com os deuses dos dominadores ocasionou uma transição do Henoteísmo para o Monoteísmo.
O Henoteísmo afirma a adoração exclusiva de um Deus, que é superior aos demais deuses (2 Cr 2,5; Ex 15,11; Sl 82,1). Os outros povos têm os seus deuses, mas para os hebreus há somente um Deus, o verdadeiro. Os demais deuses foram subordinados a Iahweh (Sl 82), o Deus dos hebreus. “Celebrai o Deus dos deuses, porque o seu amor é para sempre!” (Sl 136,2).
No Sl 95,3 lemos: “Porque Iahweh é Deus grande, o grande rei sobre todos os deuses”. O hebreu reconhecia a existência dos deuses dos outros povos, mas declarava de modo enfático: Iahweh é superior a todos eles. Ele controla toda a realidade. Ele é o grande Rei (Sl 77,13; 96,4-5; 97,9; 136,2-3; 145,1).
O Sl 96 declara: “Pois Iahweh é grande, e muito louvável, mais temível que todos os deuses!” (v. 4). “Os deuses dos povos são todos vazios” (v. 5). Diante de Iahweh, os demais deuses são inexpressivos. Iahweh é o maior de todos (Sl 97,7; 115,4-8; 135,15-18; Is 40,18-19; 41,21-24).
“Graças te darei, de todo o coração; celebrar-te-ei perante os deuses” (Sl 138,1). Ao povo hebreu compete adorar somente um: Iahweh. Não há possibilidades para um sincretismo. Encontramos também declarações de henoteísmo em Ex 15,11; Dt 3,24; Sl 77,14.
Por sua vez, o Monoteísmo declara que só existe o único Deus verdadeiro com o qual todos os acontecimentos estão relacionados. Há um só Deus e os ídolos são nulos e inexistentes (Is 43,10; 44,6; Dt 32,39; 1 Rs 8,60; Sl 18,31; Zc 14,9). Vejamos o Sl 86,10: “pois tu és grande e fazes maravilhas, tu és Deus, tu és o único”. Vejamos também Is 45,21; Jr 10,6.
A partir da afirmação do Monoteísmo, o povo constatou que Deus continua com o controle dos acontecimentos. O propósito divino se realiza.
Mais tarde, Isaías formulou o monoteísmo absoluto (45,6.14-21), que é mais afirmativo do que o henoteísmo, pois declara a nulidade e a inexistência dos ídolos. O profeta Zacarias radicalizou o monoteísmo (Zc 14,9).
O monoteísmo ético significa que o único Deus compromete a pessoa a orientar a sua vida mediante princípios éticos. A fé e a ética estão interligadas.
 “A evolução intelectual e religiosa da antiga sociedade oriental tendia para o monoteísmo ético e transcendental. Apenas os judeus, no entanto, foram capazes de levar essa tendência a uma conclusão lógica e inequívoca” (William McNeill, História Universal, p. 59).
Portanto, o monoteísmo não se restringe a uma crença teórica e abstrata, contestada por Tiago (2,19). O monoteísmo ético implica um vínculo entre fé e compromisso. “A definição de monoteísmo ético por esse povo foi, portanto, uma das maiores e mais duradouras conquistas da antiga civilização oriental” (William McNeill, p. 64).
Não se trata de uma contemplação esotérica de um disco solar (como foi proposto pelo faraó Aquenáton), mas de um relacionamento pessoal com o Deus vivo, que se reflete nas relações e na conduta com a totalidade dos seres vivos.