Erasmo de Rotterdam, em 1509, escreveu o famoso “O Elogio da Loucura”, publicado em 1511, e que influenciou a Reforma
Protestante e a civilização ocidental.
O livro tem seu lado satírico e sombrio, trabalha
a loucura como forma de autodepreciação, ataca os abusos da
doutrina católica considerando muitos como superstição, alude às
práticas corruptas da Igreja Católica.
Nele loucura é comparada a uma deusa que é filha de Plutão e
Frescura, educada pela Inebriação e Ignorância, que têm a companhia de Philautia (amor-próprio), Kolakia (elogios), Lethe (esquecimento), Misoponia (preguiça), Hedone (prazer), Anoia (Loucura), Tryphe (falta de vontade), Komos (destempero) e Eegretos Hypnos (sono morto).
Eu o li há algum tempo e voltou à memoria nestes dias quando há, ao que
me parece, um elogio à Ignorância e à Burrice, que é um grau mais profundo da
primeira. Tivemos um Ministro da Educação que me fez lembrar a educadora
Inebriação (deslumbramento) talvez pelo fato de ser colombiano a gerir a
educação brasileira. Isto o levou a mostrar as influências de Komos (destempero) e que, no que pese
que era chamado de filósofo, teve seu lado Lethe (esquecimento)
e não fez o que se esperava que fizesse: não administrou, nem sentou bases para
um plano nacional da educação. Com isto mostrou seu lado Eegretos Hypnos (sono morto).
Defenestrado por incompetência, entra no seu lugar outro ministro. Este
se parece ao filho de Plutão e Frescura. Plutão é um deus que sai das entranhas do pai,
Saturno, entra no panteão e assume o poder do universo. O mundo dos mortos no
interior da terra foi o que lhe coube governar, mesmo contra a sua vontade. Era
sombrio, irritadiço e pouco admirado, por estar descontente com o que lhe tocou.
Viajava à noite em um carro puxado por apavorantes cavalos negros, guardando as
chaves do inferno.
O novo ministro que substitui o incompetente filósofo, também mostra
as influências das companhias que teve. Ao vir a público dizer que a filosofia
e a sociologia não devem mais receber atenção nas escolas e na graduação por
não serem estudos que produzem resultados financeiros, mostrou Philautia (amor próprio – “eu estudei o que útil”), adorou a
Kolakia (elogios – os ignorantes bateram
palmas), revelou que se esqueceu que estudou filosofia e sociologia para
se graduar e assim exagerou na influência de Lethe (esquecimento). Seu posicionamento revela também a
influência de Misoponia
(preguiça), Anoia (Loucura)
e Tryphe Komos (destempero).
Isto revela que estamos com um presidente que escolhe mal a maioria dos
seus ministros, já teve que executar dois deles, tem outros que são calcanhar
de Aquiles (o do Turismo e a Doidamares), foca no insignificante (comercial e
gerente marketing do BB, golden shower etc.), fala o que não deve, mostra-se
péssimo negociador porque cede antes mesmo de se iniciar o processo, tem suas
influências de Misoponia (preguiça)
deixando para o Congresso o que deveria ser seu foco maior (a Reforma da
Previdência), adora Kolakia (elogios)
e se perturba com as críticas.
A maior burrice é a ilogicidade da afirmação de que a Filosofia e a
Sociologia são supérfluas, mas tem num autoproclamado filósofo/astrólogo o seu
mentor e dos filhos e alguns ministros.
Estamos precisando um pouco do deus Sofrósine
(moderação, moderação, discrição e autocontrole) e o exorcismo da deusa
Afrodite, a das paixões desenfreadas, que tem grande influência sobre os
filhos.
Marcos Inhauser