Acho que nunca se falou tanto em formar líderes, nunca se
deu tanto treinamento nas empresas para capacitar líderes e nunca estivemos tão
necessitados deles. No que se refere ao político, a coisa fica ainda mais feia.
Se se toma uma das premissas básicas da liderança que a de
que o líder deve ser exemplo, dá para entender porque estamos faltos de
liderança. Depois de Tancredo, tivemos uma sucessão de pessoas investidas na
mais alta posição da nação, mas que não puderam ser exemplos. Com a morte do
Tancredo, tivemos ascensão de um especialista em surf: vivia na crista da onda
e assim ficou até que não mais conseguiu se eleger pelo estado onde nunca
morou: o Amapá. Era a sua mentira pública. Outros atos e fatos conspurcaram-lhe
a biografia e só foi exemplo para gente do senado e Câmara que aprendeu com
eles as patranhas da política. Como legado deixou o Plano Cruzado e uma
inflação astronômica.
Sucedido pelo nada exemplar Collor, com sua altivez e
arrogância, aliado às maracutaias de seu tesoureiro, foi defenestrado e
impedido de se eleger por oito anos. Voltou, mas vive período em que deve
muitas explicações ao judiciário brasileiro.
No seu lugar subiu o Itamar Franco quem, não tendo sido
eleito, teve um mandato que, se não teve acusações, também não teve o brilho
que se espera de uma liderança. Sucedido por Fernando Henrique Cardoso que
tinha o brilho do acadêmico, mas não tinha o carisma da liderança. Governou,
nunca explicou muito bem como foram feitas as privatizações que, segundo um
ministro do seu governo, raiaram à irresponsabilidade. Dava sono quando se
dirigia à nação.
Veio o Lula e a Dilma e ambos não são exemplos de liderança.
O primeiro o foi no primeiro mandato, mas perdeu a legitimidade com o mensalão
e mais tarde com a Lava Jato. A Dilma também não é exemplo de liderança. Veio o
Temer que de líder não tem nada. Pusilânime, volúvel, nunca se sabe o que
pensa. Como disse uma jornalista, quando perguntada sobre qual o posicionamento
dele sobre um assunto: “antes da última piscada de olhos dele, ele era a
favor”.
Estamos entrando na reta para as eleições de 2018. Ao olhar
ao redor e as candidaturas que estão sendo sugeridas ou pleiteadas, me leva à
conclusão de que teremos um cenário desolador. Mais uma vez teremos que optar
pelo menos pior. As opções do mundo político (Lula, Ciro Gomes, Alckmin, Serra)
são farinha do mesmo saco. Com a exceção do Ciro (ainda), todos os demais têm
suas explicações a dar na Lava Jato.
Das figuras que estão correndo por fora do páreo (Doria e Meirelles),
a ambos lhes falta o carisma da liderança. Podem estar fazendo (talvez) algumas
coisas, mas isto não é o suficiente. É verdade que precisamos de um bom
administrador, mas no tipo de presidencialismo brasileiro, um presidente sem
base parlamentar é transformar o governo em balcão de negociatas. Vide Collor,
Dilma e Temer.
Uma reforma política significativa e estrutural é milagre
que não vai acontecer. A propalada reforma eleitoral, se algo fizer, será
cosmética. No andar da carruagem, as alterações visarão proteger com o foro
privilegiado os que devem muitas explicações. Como a “carne é fraca”, fizeram
merenda eleitoral com carne podre e carcaça de cabeça de porco. Nem ácido
ascórbico salva.
Ao povo cabe clamar aos céus para que algo aconteça e um verdadeiro
líder apareça. Que no frigorífico das eleições não haja carne podre. Está é a
minha oração.
Marcos Inhauser