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quarta-feira, 21 de março de 2018

A VERDADE LIBERTA


A máxima proferida por Jesus de que "conhecereis a verdade e a verdade vos libertará" é essencial para os dias que estamos vivendo. Diferentemente do que dizem intérpretes afoitos e pregadores mal alfabetizados, o texto se refere a qualquer verdade e não somente à verdade do Evangelho.
Esta diferenciação se faz necessária e importante porque a mentira escraviza. Uma mentira produz a segunda mentira, gerando um círculo vicioso e de escravidão em que o restabelecimento da verdade é a única forma de romper a escravidão.
Qualquer verdade é libertadora. Por mais difícil e cara que a verdade seja, o preço dela é menor que o preço da mentira.
Quem viveu em cidades pequenas antes do advento da internet, quem viveu em círculos fechados, tinha que lidar constantemente com os boatos e as fofocas. As fofocas eram o prato diário das conversas e haviam pessoas especializadas em criar e difundir fofocas. Até nome tinham: fofoqueiras ou candinhas.
No mais das vezes, estas pessoas ficavam à espreita de vizinhos ou conhecidos e interpretavam malevolamente qualquer sinal que viam: podia ser um carro que parasse na frente da casa, o horário que chegava ou que saia, quem visitava, quando compravam alguma coisa e o caminhão vinha entregar, a reforma que faziam, ou a filha que estava engordando.
Muitas vezes, reputações ilibadas eram atiradas na lama de onde era quase impossível sair. Muitas destas pessoas mudaram de cidade para salvar-se do estigma que sobre elas as fofocas colocaram.
Os tempos mudaram. As candinhas modernas estão à espreita nas redes sociais e na internet. Tal como nas pequenas cidades, não há a preocupação de se verificar a veracidade das informações repassadas e cada qual aumenta a sua versão, coloca o seu tempero e acrescenta fatos e dados à invencione.
Exemplos modernos de fofoca existem aos milhares. O FBI está investigando o uso destas fofocas para influenciar a eleição presidencial, gerando notícias falsas dirigidas à opositora na eleição e facilitando a eleição do Trump.
Sabe-se hoje que as duas ou três últimas eleições presidenciais brasileiras também tiveram este expediente. Busca-se acabar com as fake news nas próximas eleições. Tarefa inglória e impossível. O máximo vai se conseguir minimizar os prejuízos, nunca erradicar a fofoca.
O exemplo mais gritante é a recente onda de notícias relacionadas à morte e às atividades e vida particular da vereadora Marielle. Há pessoas que parecem justificar o assassinato alegando fraudulentamente que a assassinada teria ligações com o narcotráfico, ou que teria sido engravidada aos 16 anos, ou que teria sido esposa de um traficante. Levando a lógica às últimas consequências, qualquer mulher grávida aos 16 ou que tenha se casado com alguém posteriormente considerado bandido, pode ser morta porque o seu assassinato está justificado.
No universo das fofocas virtuais o que assusta é que um ex-coronel, hoje deputado e uma atual desembargadora tenham publicado notícias mentirosas. É verdade que vieram a público se desculpar da insensatez de veicular o que não haviam checado. É inadmissível que pessoas com estes cargos cometam tais equívocos. Recebo todos os dias uma quantidade de e-mails, links de vídeos, propostas de pauta de agenda para publicação que não me dão segurança de que sejam verdade. Já recebi sobre a renúncia do Temer, sobre a morte do Lula, sobre a vinculação do tráfico na biografia de várias pessoas. Ainda que as pessoas que me enviaram tenham sido por mim ou por outras pessoas alertadas para a disseminação de notícias falsas, parece que fazem ouvidos moucos e, no afã de serem curtidos, continuam a espalhar fofocas.
Mais do que nunca é necessário que a verdade seja estabelecida. Estamos vivendo em uma sociedade recheada pela mentira, disseminada pelos incautos com pessoas feridas ou tombadas pelas calúnias. Há poucos dias um pai foi inocentado da acusação de abuso sexual pelas próprias filhas que supostamente, teriam sido abusadas. Elas alegavam que foram pressionadas e forçadas pela mãe a denunciar o pai. 
Emblemático na história noticiosa brasileira são os casos da Escola Base e do ex-deputado que se sentiu destruído pelas inverdades e escreveu um livro sobre o assassinato de reputações. 
Credibilidade é coisa rara na sociedade atual. O que vale é receber curtidas e visualizações nas redes sociais, não importa como obtê-las. Ainda que os mecanismos de busca, os provedores, os sites de relacionamento e as redes sociais estejam buscando diminuir o número de notícias falsas, não podemos deixar de dizer que cada um deve assumir um compromisso com a verdade.
Se há violência armada, há violência verbalizada e fofocada. A verdade pede espaço neste universo.
Marcos Inhauser