Para mim é inadmissível que a guerra ainda seja a primeira
solução proposta por um bando de gente, fardada ou não. Diante de qualquer
problema internacional eles se eriçam com a possibilidade de enviar e comandar
tropas para “solucionar os problemas”.
O país que mais usa deste expediente é os Estados Unidos,
que nunca teve uma batalha de guerra internacional em solo pátrio. Sempre
fizeram a guerra na casa dos outros. Se não me falha a memória só Pearl Harbor
e o ataque às Torres Gêmeas foram em solo americano, dois eventos até hoje
amargado pelos gringos como afronta. Participaram da Segunda Guerra Mundial
lutando em solo Europeu e Japonês, fizeram a guerra no Vietnan, no Iraque, na
Líbia, no Afeganistão, estão agora na Síria e “prontos para enfrentar o ditador
norte coreano”.
Quando penso nas pessoas que veem na guerra a saída para
problemas, penso que, ou elas não têm coração ou elas são patologicamente
insensíveis aos horrores que a guerra traz. A quantidade de gente morta, de
crianças órfãs, a fome, as doenças, o custo social, a destruição, o custo
astronômico, são variáveis que parece que não são pesadas pelos promotores da
guerra. Gasta-se mais para matar que para salvar vidas, para destruir que para
construir hospitais e escolas.
O mesmo penso dos fabricantes e comerciantes de armas. Como
podem dormir um sono reparador sabendo que o que fazem destrói vidas, acaba com
sonhos, com casamentos, com vidas promissoras? Mesmo depois dos muitos eventos
de atiradores que escolheram escolas para sair atirando e matando gente, vem o
Trump propor que se dê um adicional no salário para os professores que levarem
suas armas à sala de aula. O Kim Jon-Un prefere deixar a população passando
fome para ter misseis e bomba atômica. Gasta milhares para ter a tropas desfilando
nas ruas, para satisfação pessoal e demonstração de poderio, mas não dá ao povo
o que ele precisa.
Pasma-me que a igreja cristã tenha se valido deste
instrumento para fazer valer seus propósitos. As muitas guerras promovidas pela
Igreja, especialmente as Cruzadas, deveriam ter ensinado aos cristãos que toda
guerra é pecado. Mas, ao invés de condená-la, os Reformadores clássicos viam a
possibilidade de uma “guerra justa”. Onde há justiça na guerra? É justiça dar
ao melhor armado a vitória e ao menos aquinhoada a derrota? É justiça abandonar
o mais alto grau de possibilidades que é a comunicação e a negociação, para se
rebaixar ao mais baixo nível de humanidade, igualada ao animalesco?
Com certeza virão sobre mim os que alegarão que a Bíblia
fala do Deus dos Exércitos, que Ele mesmo mandou o povo à guerra e que a usou
para expulsar os habitantes da terra que seria dos eleitos. Aos defensores do
título Deus dos Exércitos sugiro que estudem hermeneutas mais sérios, que conhecem
com profundidade o texto hebraico e suas implicações socais e culturais para
saber que título tem sua conotação ideológica nas traduções feitas. Para os
defensores das “guerras santas” sugiro que cotejem os relatos de guerra com as
promessas de paz que há, propostas pelo mesmo Deus dos Exércitos. Como pode
prometer paz quem faz a guerra? Ou a paz é mentira ou o título está errado.
Marcos Inhauser