Preocupa-me
o conceito de “fé” nos dias e no contexto em que é usado nos dias de hoje no
Brasil.. Ela é ensinada fé como virtude mágica, varinha de condão, um “abra
cadabra gospel” que produz coisas mirabolantes. Recuso-me a aceitar a fé
infantil e estúpida de um pastor que segurava serpentes para provar a
veracidade de um verso da Bíblia. Valeu para ele o dito popular: “Se quiseres,
confia na pata do coelho: mas lembra-se de que ela não deu sorte ao coelho.”
Recuso-me
a aceitar a fé como palavra de ordem que sai de lábios jactanciosos dizendo o
que deve Deus fazer. Quando as ações de Deus forem sugestionadas ou dirigidas pelos
humanos, ele terá deixado de ser Deus.
Recuso-me
a crer que fé é o que faz com que as massas supervalorizem a autoflagelação e o
sacrifício, em detrimento da graça pela qual fomos atraídos a Cristo. Ora, se a
fé exigisse sacrifícios, a graça não seria graça. Então o que é fé? Fé é crer
cega e dependentemente de Deus, mesmo que isso pareça um atentado à sanidade.
Conta-se
que numa grande cidade, numa avenida sem nenhum semáforo, um pai procurava
atravessar segurando a mão da filha de sete anos. Depois de alguns minutos de
indecisão e de espera, o pai alcançou o outro lado da avenida tendo sempre a
filha à mão. Ao se encontrar do outro lado, a menina exclamou: “Aquele edifício
tem 10 andares. Eu os contei direitinho!” Porque confiava no pai, a menina não
tinha visto o perigo da rua e dos carros. Quem confia no Senhor, fica em paz! Isso é fé. Esta é a
definição de Hebreus 11:1 “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se
esperam, e a prova das coisas que se não vêem.” Não vejo Deus, mas confio absolutamente
que, em sua soberania, ele sempre terá o melhor para mim. Não vejo o futuro,
mas creio em quem está à frente: Jesus. Fé expressa em forma de confiança
absoluta, de esperança imortal, de serenidade em meio às tempestades.
Analisando
a religiosidade tupiniquim vejo mais crendices do que fé real e inabalável. Certa
vez, três amigos encontraram-se após muitos anos de separação. Contando suas
experiências, um deles disse: “Sou um homem muito infeliz. Perdi todo o
dinheiro que possuía. Não tenho mais nada”. O outro disse: “É difícil a sua
situação, mas não é tão triste quanto a minha. Perdi minha esposa e meus dois
filhos. Oh! Se pudesse dar tudo o que você perdeu para
tornar a vê-los!” O terceiro amigo disse: “A infelicidade de vocês é pequena
comparada à minha. Um de vocês perdeu o dinheiro, que pode ser recobrado. O
outro perdeu os queridos, porém, espera encontrá-los no céu. Mas eu perdi o que
de mais precioso existe sobre a terra: perdi a fé”. (Rev. Marcos Kopeska,
editado para que caiba neste espaço).