Na Costa Rica há um vulcão, Poas, que
está em constante erupção, mas que não chega a derramar lavas para fora. É
possível visitar, chegar à borda e ver o lago de coisa incandescente lá no
fundo. É um parque turístico e muitos para lá vão. Ocorre que há dias em que a
visitação está proibida porque, ainda que não lance lavas, lança pedras de
tamanhos variados e quentes, que podem machucar. No caminho até à borda se
encontra muitas destas pedras.
Em El Salvador há o lago de Ilopango
que, segundo dizem, é um vulcão extinto que se encheu de água e hoje é um lago.
O mesmo acontece com o de Mohanda, no Equador, que dá para entrar de carro
dentro dele e nadar no lago que ali se formou. Da mesma forma o lago de
Cuicocha.
Há vulcões e vulcões. Como
brasileiros, ainda que não tenhamos nenhum vulcão ativo, vivemos em meio aos
sismos provocados pelas erupções do vulcão político. Este vulcão esteve por
muitos anos quieto, acumulando água e se pensava que suas águas eram calmas e
que nada aconteceria. Houve, no entanto, um dia em que um sismo mostrou que a
coisa poderia mudar de figura. Foi um vídeo gravado por um funcionário do
correio relatando um esquema de falcatruas. As águas calmas do fundo do vulcão
se movimentaram e houve quem quis garantir que voltariam ao normal em breve,
que era marola.
A marola virou onda e as águas
esquentaram e jogaram para foram algumas lavas e pedras, que machucaram os que
muito perto dele estavam: foi a erupção do mensalão. Saiu pedra de todo lado,
água fervente e muitos se queimaram, mas nem todos. Uns mais, outros menos, mas
o vulcão fez sua obra de abalo parcial.
Depois de um tempo, tudo parecia que voltaria
ao normal. Tal como no Poas. Dava até para visitar e ir fazer turismo à sua
borda. De repente, uma lava veio como jato. Sismólogos e vulcanólogos
perceberam que a coisa era feia e começaram a monitorar os microssismos, a
temperatura interior e viram que a coisa explodiria a qualquer hora. Primeiro
foram as explosões dos gerentes da Petrobrás que delataram a temperatura
interna das falcatruas. Os menos avisados e os interessados em acalmar o
público disseram que era mais fumaça que erupção.
Veio a delação dos executivos. Setenta
e sete explosões que lançaram lava a jato para todos os quadrantes. Achava-se
que era a erupção do fim-do-mundo. Não era.
Quando avaliaram os estragos destas
setenta e sete explosões, tentaram dizer que os danos estavam sob controle,
mesmo tendo atingido os pilares da política. Parecia que o vulcão se aquietava.
Que nada. Lá veio a erupção (ou devo dizer “corruerupção”) da JBS e J&F.
Foi lava prá todo lado, queimando e machucando meio mundo.
Tal o tamanho da erupção que até o
presidente e o seu amigo de “extrema confiança”, mais o mineiro até então
impoluto, saíram queimadíssimos. Oitenta e tantas pedradas foram arremessadas
prá cabeça do Temer na forma de perguntas que a PF lhe enviou.
Mas ontem à noite, com hora marcada e
televisionamento, mais uma erupção do vulcão: o julgamento da chapa
Dilma-Temer. Ainda não se sabe o tamanho desta erupção, mas gostaria que fosse
como os vulcões Kilawea, o Krakatoa, o Popocatépetl que lançam para fora as lavas. No nosso
caso, que sejam lançados para fora as sujeiras e os corruptos, que saiam
queimados para nunca mais voltar.