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quarta-feira, 7 de junho de 2017

VULCÕES POLÍTICOS


Na Costa Rica há um vulcão, Poas, que está em constante erupção, mas que não chega a derramar lavas para fora. É possível visitar, chegar à borda e ver o lago de coisa incandescente lá no fundo. É um parque turístico e muitos para lá vão. Ocorre que há dias em que a visitação está proibida porque, ainda que não lance lavas, lança pedras de tamanhos variados e quentes, que podem machucar. No caminho até à borda se encontra muitas destas pedras.

Em El Salvador há o lago de Ilopango que, segundo dizem, é um vulcão extinto que se encheu de água e hoje é um lago. O mesmo acontece com o de Mohanda, no Equador, que dá para entrar de carro dentro dele e nadar no lago que ali se formou. Da mesma forma o lago de Cuicocha.

Há vulcões e vulcões. Como brasileiros, ainda que não tenhamos nenhum vulcão ativo, vivemos em meio aos sismos provocados pelas erupções do vulcão político. Este vulcão esteve por muitos anos quieto, acumulando água e se pensava que suas águas eram calmas e que nada aconteceria. Houve, no entanto, um dia em que um sismo mostrou que a coisa poderia mudar de figura. Foi um vídeo gravado por um funcionário do correio relatando um esquema de falcatruas. As águas calmas do fundo do vulcão se movimentaram e houve quem quis garantir que voltariam ao normal em breve, que era marola.

A marola virou onda e as águas esquentaram e jogaram para foram algumas lavas e pedras, que machucaram os que muito perto dele estavam: foi a erupção do mensalão. Saiu pedra de todo lado, água fervente e muitos se queimaram, mas nem todos. Uns mais, outros menos, mas o vulcão fez sua obra de abalo parcial.

Depois de um tempo, tudo parecia que voltaria ao normal. Tal como no Poas. Dava até para visitar e ir fazer turismo à sua borda. De repente, uma lava veio como jato. Sismólogos e vulcanólogos perceberam que a coisa era feia e começaram a monitorar os microssismos, a temperatura interior e viram que a coisa explodiria a qualquer hora. Primeiro foram as explosões dos gerentes da Petrobrás que delataram a temperatura interna das falcatruas. Os menos avisados e os interessados em acalmar o público disseram que era mais fumaça que erupção.

Veio a delação dos executivos. Setenta e sete explosões que lançaram lava a jato para todos os quadrantes. Achava-se que era a erupção do fim-do-mundo. Não era.

Quando avaliaram os estragos destas setenta e sete explosões, tentaram dizer que os danos estavam sob controle, mesmo tendo atingido os pilares da política. Parecia que o vulcão se aquietava. Que nada. Lá veio a erupção (ou devo dizer “corruerupção”) da JBS e J&F. Foi lava prá todo lado, queimando e machucando meio mundo.

Tal o tamanho da erupção que até o presidente e o seu amigo de “extrema confiança”, mais o mineiro até então impoluto, saíram queimadíssimos. Oitenta e tantas pedradas foram arremessadas prá cabeça do Temer na forma de perguntas que a PF lhe enviou.

Mas ontem à noite, com hora marcada e televisionamento, mais uma erupção do vulcão: o julgamento da chapa Dilma-Temer. Ainda não se sabe o tamanho desta erupção, mas gostaria que fosse como os vulcões Kilawea, o Krakatoa, o Popocatépetl que lançam para fora as lavas. No nosso caso, que sejam lançados para fora as sujeiras e os corruptos, que saiam queimados para nunca mais voltar.
Marcos Inhauser

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