Você se
convenceu com o pronunciamento do presidente?
Para mim foi
um discurso “nem ... nem”. Ele nem explicou e nem convenceu.
O que me
chama a atenção é que, cercado de assessores, ministros e asseclas, não
conseguiu fugir do script típico da pessoa pilhada no flagrante: desqualificar
o acusador.
Neste afã
começou desqualificando o Procurador Geral da República, que hoje tem mais
credibilidade perante a opinião pública que o presidente. Desqualificou o
depoente da delação premiada, o até então interlocutor próximo a ponto de recebê-lo
na calada da noite no Palácio do Jaburu. Desqualificou a gravação como prova
ilícita. Desqualificou a perícia feita por técnicos especialistas, como se ele
tivesse mais conhecimento que os que assim se especializaram e são
reconhecidos. Indiretamente desqualificou a Polícia Federal. Só são
qualificados os amigos do rei, o pessoal todo enrolado até o pescoço com as
denúncias várias de crimes que estão sendo investigados.
Falou e
repetiu ad nausean “ilação”, que tem
o sentido de suposição, acusando o PGR de se basear em suposições e inverdades,
fabricando uma ficção para incriminá-lo. No entento, não ficou vermelho ao
fazer a ilação de que o PGR poderia ter se beneficiado financeiramente com a
delação da JBS. E, para cúmulo dos disparates, disse que não acusaria porque
tem responsabilidade.
Pode ser
ficção a fala do Temer gravada, reconhecida por ele em pronunciamentos logo
após a divulgação das gravações? É ficção a presença do Joesley depois das
22:00 horas no Palácio, quando já não havia imprensa para testemunhar o
encontro que não podia ser de conhecimento púbico? É ficção que tenha delegado
ao Loures a tarefa de conversar com o Joesley e que, depois disto, este amigo
“da mais estrita confiança” tenha sido gravado acertando o percentual da mesada
semanal? É ficção a gravação da mala de dinheiro? É ficção a viagem que fez no
jatinho da JBS e que alega que não sabia de quem se tratava, mas que tem como
prefixo PP-JBS, e que ligou depois para agradecer as flores dadas à esposa?
Ele não deu
uma explicação sequer a nenhuma das acusações que lhe foram feitas. Típico
discurso de quem tem medo de dizer a verdade. Por falar nisto, a sua forma de
gesticular, de forma não natural e espontânea, alisando constantemente as mãos,
para mim, é forma de desviar a atenção para as mãos, evitando ser visto nos
olhos.
Deve-se
dizer ainda que seu discurso de que, com ele, a economia está se recuperando, é
apropriação indébita de obra alheia. Se alguém merece algum crédito nisto é o
Meireles e a equipe que ele montou. Por mais que me esforce, não consigo ver
nos mínimos avanços havidos o dedo do Temer, antes, acho que, se ele não
mudasse de opinião a cada piscada e não cedesse às pressões, as reformas já
estariam aprovadas.
Ele optou
pela confrontação. Vai perder a guerra. Seus soldados estão com diarreia moral,
vertendo podridão por onde passaram e passam. Ele não tem o apoio popular e o
seu apoio parlamentar não leva os fisiológicos que o apoiam a saltar no
precipício com ele. Há hora agá é o “salve-se quem puder”. Na hora de votar,
com as câmeras filmando transmitindo para o país, só meia dúzia vai com ele
para o cadafalso.
E no meio
deste imbróglio está o muralista PSDB. Até quando os éticos de situação
defenderão o Aécio e apoiarão o Temer. As urnas estão logo ali, sem muito tempo
para que povo esqueça.
Temer, tema
pela sua sorte! Tema Curitiba, São José dos Pinhais. Tema as delações do
Funaro, Eduardo Cunha e Palocci.
Marcos
Inhauser
Nenhum comentário:
Postar um comentário