Professor, pastor, teólogo e educador corporativo Textos escritos para a coluna semanal no Correio Popular, da cidade de Campinas e texto escritos depois de 2021, que tratam de temas nacionais, internacionais, sobre igreja e teologia
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quarta-feira, 28 de janeiro de 2015
quarta-feira, 14 de janeiro de 2015
CRISTOFOBIA: O ÓDIO ASSASSINO
CRISTOFOBIA: ÓDIO ASSASSINO
No Peru houve um movimento guerrilheiro/terrorista chamado Sendero
Luminoso. Ele era “metralhadora giratória” porque suas ações eram desprovistas
de qualquer lógica.
Lembrei-me deles nestes dias em que o terrorismo ganhou
outra vez os noticiários. Mas não quero falar do Charlie Hebdo, mas do Boko
Haram, a “metralhadora giratória” que atua na Nigéria.
A Igreja da Irmandade tem um trabalho naquele país que se
iniciou em 1923 com missionários que para lá foram. Em 1955 o primeiro pastor
nigeriano foi ordenado. A igreja focou seus trabalhos em educação, saúde e
agricultura. Escolas foram criadas, serviços médicos oferecidos e projetos
agrícolas foram desenvolvidos. A igreja cresceu ao ponto de ser hoje quase o
dobro em tamanho que a igreja-mãe, a Church of the Brethren.
Conheci a vários dos pastores desta igreja (EYN - Igreja da
Irmandade na Nigéria) no tempo em que estudei e dei aulas no Bethany
Theological Seminary. A partir de 2000 comecei a ouvir destes irmãos nigerianos
referências ao Boko Haram. As menções se intensificaram e as práticas começaram
a ser selvagens: matavam indiscriminadamente, às vezes centenas, outras vezes
milhares. Se se quer resumir as intenções deste grupo, pode-se dizer que pretendem
instalar um califado islâmico que tenha a lei da Sharia como fundamento e a
erradicação de qualquer vestígio de educação ocidental e cristianismo. Eles não
pensam duas vezes para aniquilar quem se coloca como obstáculo às suas
pretensões.
A EYN teve vários dos seus pastores e membros assassinados, templos
queimados, lavouras destruídas, escolas fechadas. Muitas das moças sequestradas
em 2014 pertencem à EYN. 96.000 membros da EYN foram obrigados se mudar por
causa da violência e necessitam de abrigos, comida e água. Dos 50 Distritos que
a EYN tem (grupos de igrejas de uma mesma região geográfica que se coordenam em
suas atividades), 37 foram fortemente impactados e 18 foram fechados. 280
pastores e evangelistas tiveram que se mudar e deixar seus templos. Mais de
3.000 membros da EYN já foram mortos. Maiores informações podem ser obtidas no http://www.brethren.org/partners/nigeria/crisis.html
e no http://www.brethren.org/partners/nigeria/documents/fact-sheet.pdf.
Esta é uma crise que não acabará em breve. Talvez demore
décadas!
O Boko Haram é movido por uma “cristofobia” (termo
emprestado do Reinaldo Azevedo). A EYN, tem suas raízes históricas e teológicas
alicerçadas no pacifismo (assim como as demais igrejas da paz/anabatistas:
Irmandade, Menonitas e Quáqueros). Têm ensinado e praticado a não-violência,
mesmo diante das barbáries sofridas. Ser pacifista em meio a esta crise e tanta
barbárie gratuita tem sido um grande desafio para os cristãos nigerianos.
Apoio maciço e massivo tem sido prestado aos refugiados que
sobrevivem aos extermínios. A Church of the Brethren já mandou este ano mais de
2,8 milhões de dólares para ajudar nesta crise e decidiu colocar um prédio
histórico da denominação à venda para levantar fundos para ajudar os
nigerianos. Jovens voluntários, membros da Church of the Brethren estão sendo
enviados para ajudar aos refugiados, fugitivos e famintos. Movimentos de oração
e jejum têm sido promovidos clamando a Deus pela Nigéria e pelos cristãos que
lá vivem.
A Igreja da Irmandade no Brasil, ainda que pequena, tem se
solidarizado e orado por esta grave situação que a EYN e a Nigéria vivem.
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