Na política (e também no mundo corporativo) há a máxima de
que não se nomeia quem não se pode, depois, demitir. Este foi o erro do Lula ao
nomear o José Alencar, vice-presidente, como ministro das Forças Armadas. Ele
teve a sorte de que nada de esquisito ou fora do eixo aconteceu e não se viu na
saia justa de ter que removê-lo.
O mesmo se deu com a Rosinha Mateus ao nomear o marido,
ex-governador, como Secretário da Segurança Pública do Rio. Deu no que deu. Um
desastre e nada de solução efetiva. Muita pirotecnia, pouca realização. O mesmo
ocorre agora com o Temer que nomeou o Segóvia como Diretor da Polícia Federal. O
Segóvia subiu no salto alto, já na primeira declaração pública falou abobrinha
e se agora se consolidou como abobrinhologista na entrevista que deu à Reuters.
Indicado pelo Sarney (ele tinha um agradecimento ao Segóvia pelo trabalho de
obstrução às investigações quando era investigado), foi nomeado sem consultar e
à revelia do Ministro da Justiça. Agora está aí o abacaxi para ser descascado.
Nesta mesma linha de raciocínio está a malfadada nomeação do
Lula como ministro pela então presidente, quem, caso a nomeação tivesse se
consumado, teria um ministro politicamente maior que ela. Seria um absurdo.
Graças a Deus, fomos liberados desta excrecência.
Tenho para comigo que o Padilha e o Moreira Franco se
enquadram no mesmo quadro. O Temer não tem cacife político para demiti-los,
seja pela “gratidão”, seja pelas inúmeras acusações que tem que responder e que
os dois o blindam. No mesmo raciocínio está a nomeação do nunca empossada
Ministra do Trabalho, cuja folha corrida é maior que a biografia para ocupar a
pasta.
Como desgraça pouca é bobagem e os sucessivos erros e recuos
são a marca registrado do governo (??) Temer, depois de ver a Reforma da
Previdência ir água abaixo (nunca entendi qual o ganho que o Temer tinha/teria
em aprovar tal legislação), vem ele oferecer uma solução para os problemas que
há décadas aflige o Rio. Joga o Exército na fogueira, nomeia um general como
“semi-interventor”, deixa o Pezão no governo, anuncia a intervenção, mas ainda
não tem planos, não sabe quanto vai custar, nem como tais operações se darão. É
uma operação caída de paraquedas.
Se o Exército resolvesse em algo, alguma coisa teria mudado
no Rio desde que vem atuando na cidade. Que nada! O roubo de carga continua
solto, os confrontos entre as fações têm feito vítimas civis, muitas delas
crianças, o tráfico rola solto, os arrastões continuam e o saque em plena área
nobre acontece.
Eu me pergunto: e o serviço de inteligência serve para que?
Não conseguiram descobrir onde o segundo homem da facção paulista estava? Não
sabem por onde e quem está por trás do tráfico de armas? Apreenderam alguns
fuzis no Rio há um ano, mas foi fruto de denúncia anônima. Pegaram dois
caminhões carregados com cigarro contrabandeado, também com denúncia anônima.
Será a inteligência policial brasileira a que funciona por denúncia anônima?
A solução da intervenção é irreversível para o Temer.
Diferentemente do que costuma fazer, nesta não dá para voltar atrás. OU assume
de vez, ou se ferra. Acho que vai se ferrar porque o homem não tem pulsos (e
isto está demonstrado nos inúmeros recuos que já deu) para aguentar o tranco.
Marcos Inhauser