Em 2009 foi a vez de uma final do Campeonato Brasileiro.
Estava na República Dominicana. Neste tempo já havia internet e achei que veria
na televisão (transmitem até jogo de segunda divisão do futebol mexicano!) ou
na internet. Fiquei a ver navios.
Agora outra vez. Estava na China, tinha três assinaturas de TV
a cabo a meu dispor, mais internet. Esta começou a apresentar problemas já que
cheguei, porque o governo chinês “monitora” (censura) o acesso a sites fora do
país. Tinha acesso a um VPN e achei que o problema estava resolvido. Que nada!
Nos canais de esporte tinha de tudo, menos o jogo do Mundial
de Clubes. Quando o Corinthians jogou contra o Al Ahly só consegui ouvir uma
rádio pela internet e mesmo assim, a cada pouco cortava a ligação e eu ficava a
imaginar o que estaria acontecendo.
Para a final, nada de novo. Sem transmissão, sem acesso à
net. Tentei alguns sites e recebia a mensagem de que as imagens não podiam ser
vistas fora do Brasil.
Sai de Beijing duas horas antes de começar a final e cheguei
a Nova York umas 10 horas depois de terminado. Foi buscar acesso à internet e o
único que consegui ler foi que o Curinga tinha vencido por um a zero. Nada
mais! Não deu para saber quem marcou, como marcou, etc. Na segunda vez que
consegui alguma coisa, li que o Cassio tinha sido eleito o melhor jogador do
torneio. Imaginei que o Corinthians tinha passado sufoco para que o goleiro fosse
o herói do jogo.
Na viagem de volta, o avião só tinha corintiano e uma
são-paulina. Todos a rigor, com camisetas, bonés, faixas, etc. Era mano prá
todo lado. Quando vi aquela gente toda, imaginei que o voo seria uma zona. Que
nada. Silêncio.
Ao tocar o solo em Cumbica, houve uma explosão e o hino
corintiano foi cantado com emoção. Para contrariar a fama de que corintiano é
malandro, pela primeira vez em minha vida (e olha que já viajei um bocado),
ouvi anunciar que um óculos de sol (de marca) havia sido encontrado no banheiro
do avião e que o dono o procurasse junto aos comissários de voo.
Até uma camisa com o problemático logo verde da Fifa e
autografada por todos os jogadores eu vi. Sinal dos tempos?
Marcos Inhauser