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quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

DIVINO TRAVESSEIRO


Com certeza você já foi se deitar algum e, no meio da noite, acorda com uma ideia nova, algo que poderia fazer, uma invenção. Ou foi para a cama com um grande problema, revirou na cama, acabou dormindo e, quando acordou, o problema já não era tão grande e grave quanto parecia no dia anterior. Ou você foi se deitar com uma mágoa muito grande de alguém e acordou percebendo que o tamanho dela parece que havia diminuído. 

Também há os que foram se deitar com um problema sobre o qual passaram horas tentando resolver e não encontravam solução. Ao acordar, a solução estava na ponta da língua.

Há também vezes que você foi se deitar e não conseguiu dormir porque o problema ou mágoa era tão grande que você não conseguia conciliar o sono. Levantou mais enrolado ou mais bravo que antes.

A experiência não é nova. Já os antigos recomendavam consultar o travesseiro. No livro bíblico dos Salmos se ensina que se deve “falar com o vosso coração sobre o travesseiro (em outras traduções diz sobre a cama) e calar” (Sl 4:4).

Os estudiosos, a partir das pesquisas que fizeram, mostram que o cérebro, quando estressado, é “envenenado” pelo cortisol, o hormônio do estresse. Quando estamos cansados ou há muito tempo nos batendo com o mesmo problema, parece que a mente bloqueia e se perde a capacidade de ver além do que já foi visto. Nem sempre trabalhar mais significa render mais. Há uma capacidade de trabalho que é natural e saudável. Não respeitar isto é risco sério à saúde.

E por que o descansar, o colocar a cabeça no travesseiro ajuda? Porque “descansa” o cérebro, baixa as guardas dos filtros lógicos e de preconceitos que atuam no nível consciente e bloqueiam avenidas cerebrais que conduzem a novos caminhos e soluções. Quando se dorme, estes filtros e bloqueios são diminuídos ou não utilizados e o cérebro tem liberdade para andar por caminhos novos, com novas conexões, ideias e soluções.

Outro importante fator para o travesseiro é a máxima que não sei se ouvi ou a estabeleci para mim mesmo: “entre a provocação e a reação, deve haver um travesseiro”. A resposta impulsiva, o ato impensado é fábrica de feridas, de inimizades, de tolices etc. Quando somos provocados (uso a palavra provocação não só no sentido negativo, mas também no positivo, quando alguém nos pergunta algo, nos pede um conselho ou orientação que exigem certa reflexão), a sabedoria pede travesseiro: tempo para pensar com calma. O tolo é impulsivo, fala pelos cotovelos, tem lição para tudo e todos, sempre tem a última palavra, é especialista em recitar e receitar o óbvio. O tolo é imaturo e o imaturo é tolo, exatamente porque seus atos e palavras não recebem o tempo de travesseiro.

Isto leva a outra máxima: “não decida hoje o que pode ser decidido amanhã”. A razão para isto é simples: podem ocorrer coisas, contratempos, imprevistos entre o tempo que você decidiu e o tempo que tinha para decidir e você terá que refazer ou voltar a atrás. Há correções e revisões que vão mostrar que o atropelo, o afogadilho, a pressa fizeram você se precipitar. Será evidência inequívoca da imaturidade.

Pense, acalme, deixe o travesseiro ensinar sabedoria.

Adoro meu travesseiro!

Marcos Inhauser