FERVENDO
As relações entre os poderes da República não andam nada
harmônicas e estão ferevendo. Soube-se, dias antes do início do julgamento do
mensalão, que o ex-presidente da República tentou chantagear um dos integrantes
do STF. Mais tarde, soube-se também do périplo do ministro Fux em suas visitas
a autoridades, no objetivo de conseguir a sua indicação para o Supremo e que o
fizeram na esperança de que seu voto fosse favorável aos mensaleiros. Não
sendo, foi xingado e execrado pelos filiados ao partido governante. Os votos do
Toffoli não convenceram ninguém da imparcialidade que um juiz deve ter.
O Planalto andou tendo algumas derrotas no Congresso e a sua
base de articulação, qual centroavante irregular, tem errado o gol na hora agá.
Em outras, jogo com o rolo compressor e arranca vitórias que evidenciam
interesses nada republicanos. Nos últimos dias vimos esta máquina de votação
passar o rodo e levar ao plenário a limitação (ou a criação de obstáculos mil)
para a criação de novos partidos, naquilo que se pode definir como animus legendi, quando uma lei é feita
com o objetivo de alcançar alguém específico, no caso a Marina da Silva e sua
Rede de Sustentabilidade. Também limita as articulações do Eduardo Campos,
provável candidato do PSB à presidência.
O PSDB bateu às portas do STF e conseguiu liminar para
suspender a tramitação do projeto, por entender ser inconstitucional. O Gilmar
Mendes (que deve ganhar por liminares e habeas corpus que expede), concedeu e a
grita no legislativo foi grande: o judiciário está se metendo nas atribuições
do legislativo. Veio a desforra: o legislativo propôs que algumas questões
votadas pelo STF, mesmo pelo seu pleno, sejam referendadas pelo Congresso. Em
outras palavras, o STF estaria sub judice do legislativo. A grita foi geral
pois, inclusive assim acho também, isto cheira a golpe.
Agora vêm os impolutos Calheiros e Alves com a conversa
iniciada pelo Maia quando presidente da Câmara, de que o que se quer é
delimitar com precisão as atribuições de cada poder, para que as relações sejam
mais harmônicas e a coisa pública ande com mais celeridade. Isto me cheira
raposa se candidatando a xerife do galinheiro. A continuar assim, vão propor a
extinção da Procuradoria Geral da República, dos Tribunais de Contas e a
Controladoria Geral da União porque andam “criando problemas”para a aplicação
das verbas parlamentares.
Aliado a isto está a proposta da votação em listas feita
pelo partido e não mais em candidatos. Só vamos poder votar no bloco! Não me
assustaria que um iluminado viesse com a proposta de acabar com as eleições em
função dos altos níveis de popularidade do Lula e Dilma, o que evidencia a
aceitação popular e a efetividade de seus governos.
Seria a realização do sonho do companheiro Zé Dirceu e seus
aspones.
Marcos Inhauser