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quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

AS MULHERES NA IGREJA

O apóstolo Paulo, a certa altura, disse que “não há judeu nem grego, não há servo nem livre, não há macho nem fêmea; porque todos são um em Cristo Jesus.” (Gl 3:28). Esta passagem é a mais citada para apoiar a visão de que se deve permitir mulheres na liderança da Igreja. Conservadores não dão importância a ela, apontando conflito com outras passagens paulinas ou dizendo que se deve abordá-la à luz da ordem hierárquica da criação onde, segundo eles, o homem tem primazia por direito natural e divino.
Fatores históricos, bíblicos e teológicos convergem no sentido de dar às mulheres a liberdade para usarem os dons dados por Deus em qualquer posição de liderança na Igreja. Mulheres e homens foram igualmente criados por Deus e a queda não afetou mais a um que ao outro. Embora o pecado tenha destruído o relacionamento inicial, a redenção em Cristo restaurou a ambos e os colocou em pé de igualdade dentro da comunidade de fé.
A controvertida passagem retro-mencionada não foi escrita no vazio, em momento de alucinação paulina ou em função de alguma pressão que tenha sofrido. Antes, traz uma longa e rica história a respaldá-la e com um contexto específico ao seu redor que inclui perspectivas sobre a criação, o modelo e ensinamentos de Jesus.
Há pouca controvérsia sobre o fato de Jesus ter revolucionado o modo de tratar as mulheres. Elas foram curadas, tocadas, permitidas a se sentar a seus pés e ungi-lo, foram partícipes de Seu ministério e tiveram a primazia de ser as primeiras a ver o túmulo vazio e a Jesus ressuscitado. Ele resgatou as mulheres de serem primariamente seres de procriação e objetos sexuais, e restaurou seu status como seres humanos, criadas à imagem de Deus.
Pelo fato de ter sido Paulo quem disse que não há distinção entre macho e fêmea, torna a frase ainda mais significativa. Judeu e cidadão de Roma, cresceu repetindo as orações tradicionais de ação de graças judaicas: “Bendito seja Deus por não ter-me feito um gentio; ... um camponês ignorante ou escravo; ... ou uma mulher.”  No mundo greco-romano fórmula semelhante era usada pelos gregos: “Por ter nascido humano e não animal, por ter nascido homem e não mulher, por ter nascido grego e não bárbaro.” 
Há que se observar o paralelo das três frases nestas duas orações e a tríplice exortação de Paulo na frase citada.  Paulo era um homem bem educado, e pode-se facilmente imaginar que o paralelo não é mera coincidência: “não há judeu nem grego, não há servo nem livre, não há macho nem fêmea”. Parece querer desdizer o que as orações judaicas e greco-romanas diziam.
Por outro lado, percebe-se a orientação batismal presente, pois lembra seus leitores que são “revestidos” em Cristo (v. 27), têm uma nova identidade e um relacionamento, não só vertical com Deus através de Cristo, mas também horizontal, com a comunidade. Eles “são um em Cristo” (v. 28), independentemente de raça, classe ou sexo.  A salvação do judeu e do gentio, do escravo ou livre, dos homens ou mulheres já está resolvida pelo sacrifício de Cristo e ambos podem e devem usar seus dons no serviço ao próximo e nos ministérios da igreja.

Chega de discriminação feita por quem deve proclamar a igualdade de gêneros feita por Cristo na cruz!
Marcos Inhauser