Fomos brindados na semana passada com a informação de que o Le Cirque
estava usando o espaço público e cobrando pelo estacionamento. Não bastassem as
acusações feitas e até agora não esclarecidas, o atropelo da lei em ceder
espaço público para lucro privado, percebe-se que a prática da privatização do
espaço público é prática useira e vezeira no município.
Quem quiser comprovar esta afirmação, passeie pelo Cambuí à noite e se
deparará com a enormidade de cubos de borracha bloqueando estacionamento para
não clientes dos bares e restaurantes; vá ao Largo Carlos Gomes e se defrontará
com a praça tomada de mesas e cadeiras dos bares que ali existem; vá ao
Giovanetti no Largo do Rosário à noite e terá que passar pela rua se quiser
passar em frente, visto que a calçada está tomada de cadeiras. O mesmo acontece
no Restaurante do Rosário e no Faca Bar, para citar os mais conhecidos. Isto
sem contar os prédios e comércio que pintam de faixa amarela a sarjeta para
evitar que se estacione em frente a eles.
O problema não reside só na cidade. Em Souzas e Joaquim Egídio a coisa chega ao paroxismo. A pesquisadora Ana Maria “buscou subsídios para embasar sua dissertação
de mestrado. Durante os anos de 2008 e 2009, a pesquisadora percorreu os dois
distritos e colheu depoimentos de moradores, empreendedores e visitantes.
Ela detectou que 83% do turismo local referem-se à forma privada. As visitas a fazendas e cachoeiras são pagas ou localizadas dentro das áreas de estabelecimentos comerciais. Apenas 17% são praças públicas e áreas destinadas ao lazer para a população em geral. Ana Maria explica que o fenômeno sempre chamou sua atenção”.
Ela detectou que 83% do turismo local referem-se à forma privada. As visitas a fazendas e cachoeiras são pagas ou localizadas dentro das áreas de estabelecimentos comerciais. Apenas 17% são praças públicas e áreas destinadas ao lazer para a população em geral. Ana Maria explica que o fenômeno sempre chamou sua atenção”.
“Nasci em Campinas e lembro perfeitamente quando os
distritos eram áreas rurais com muitas fazendas e terras. A partir da década de
70, a especulação imobiliária teve início, acirrando-se no começo de 90 com os
apelos ambientais e a associação da natureza à qualidade de vida”. “Com a
transformação de boa parte da região em Área de Proteção Ambiental (APA), em
2001, a necessidade criada pelo mercado de aproximar o cidadão das áreas verdes
continuou em processo de crescimento, enquanto o esperado era que se
mantivessem e estabelecessem limites para a preservação do meio ambiente,
permitindo somente o uso sustentável da região. Ao contrário, as áreas verdes
passaram a ter status de mercadorias caras, que, na opinião da pesquisadora,
não mais permitem que os cidadãos simplesmente as habitem e nelas se divirtam
livremente”.
“O reordenamento deste território pelo turismo e lazer
e pela especulação imobiliária nos faz pensar que o local onde os distritos
localizam-se está sendo encarado como Área de Proteção do Capital”, ironiza.
Em 2009, segundo pesquisa, o número de habitantes
passava dos 20 mil e o número de estabelecimentos comerciais chegava a 250.
Além disso, até 2008, ainda existiam 16 loteamentos fechados aprovados em
Sousas e 6 em Joaquim Egídio. Em todos os casos, as paisagens naturais se
mostram moldadas para o consumo, considerando que a APA possui 223 quilômetros
quadrados.
Caracterizado pelo turismo gastronômico, rural e
ecoturismo, que tem como público classes mais abastadas, a privatização e
segregação social ocorrem na região. Ruas tomadas cadeiras, mesas e caixotes,
desrespeito à sinalização de trânsito e gente urinando na porta da igreja ou
jogando lixo em qualquer parte, fazem o cotidiano destes dois distritos.
O publico se privatizou.
Marcos Inhauser