Tínhamos no bolso a passagem do ônibus para a ida e uns
trocos a mais. Ele me perguntou como seria a volta e eu disse que, normalmente,
as igrejas fazem uma pequena oferta que seria suficiente para comermos algo e
para voltar.
Terminado o culto as pessoas vieram até nós, nos
cumprimentaram e um a um foram embora e nada de alguém aparecer para entregar a
esperada e necessária oferta. Fomos os últimos a sair, juntamente com um casal.
Já na rua, o mano me perguntou: “e agora? O que fazemos?”. O
dinheiro que tínhamos não dava para comer algo e para voltar de ônibus. Disse
isto a ele e ele me disse que estava morrendo de fome. Eu também estava. E
quando chegássemos em casa não teríamos nada para comer. Naquela hora havia que
tomar uma decisão: comer e voltar a pé para casa, em uma caminhada de uns 15
quilômetros ou pegar um ônibus e passar a noite com fome.
Conversamos, estudamos a situação e decidimos que iríamos
comer algo e depois sair em caminhada até o centro da cidade. Sentamos em uma
padaria, pedimos algo que os trocados podiam pagar e, terminada a “refeição”,
criamos coragem para sair caminhando.
Mal havíamos saído da padaria, escutamos alguém nos chamar.
Era a pessoa que me havia convidado para pregar que estava à nossa procura
porque havia se esquecido de dar a oferta que o tesoureiro havia destinado.
Preocupadíssima, nos pediu mil perdões, sem saber que
estávamos era gratos e surpresos com os fatos. Como ele tinha nos achado? Como
sabia que podíamos ter parado em algum lugar para comer algo?
Um amigo que vive nos Estados Unidos, o Manelão, que me
hospedava quando ia para as aulas do doutorado, me contou como sempre via a mão
de Deus suprir suas necessidades, muitas vezes depois de vencer o prazo de
pagar uma conta. Ele, um dia, meio
desesperado, pediu a Deus que Ele adiantasse a provisão para que viesse no dia
que deveria pagar suas contas. Em lágrimas ele me confidenciou que desde aquele
dia nunca mais havia atrasado uma conta.
Experiências de ver a mão de Deus suprindo cada necessidade,
mesmo quando penso que nada mais ocorreriam. São muitas na minha vida e na vida
de muitos que me contaram suas experiências de ser abençoados de maneira toda
especial e inusitada.
Não gosto de transformar experiências pessoais em normas
para outros. Esta eu vivi e o Manelão experienciou. De uma coisa tenho certeza:
a providência de Deus vem quando necessitamos e da forma mais inesperada
possível.
E Ele assim faz por pura graça, não por mérito que
porventura tenhamos. Não é questão de fé. É questão de favor imerecido da parte
de Deus.
Marcos Inhauser