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quarta-feira, 24 de março de 2021

O MAIOR COVEIRO DA HISTÓRIA

Tenho para comigo esta pergunta de forma constante. Lendo e pesquisando livros de história, soube de alguns déspotas que se notabilizaram pela crueldade com que trataram os adversários e inimigos. Muitos fatos históricos não são tão precisos quanto gostaríamos de que fossem. Por exemplo, fala-se de 50 a 100 milhões de mortes com a gripe espanhola. Se considerarmos que ela ocorreu no início do século 20, a imprecisão nos leva a questionar os números de outros massacres perpetrados. Há dois lados na história: a do vencedor que inflou os números para mostrar que era mais cruel e poderoso do que na realidade foi e as dos perdedores que também inflam para execrar o genocida.

Em conversa com chineses sabe-se do massacre perpetrado em Nanjim pelos japoneses, também conhecido como “estupro de Nanjim” que foi o assassinato e estupros cometidos por tropas do Império do Japão durante a Segunda Guerra Sino-Japonesa. Ele ocorreu durante seis semanas em dezembro de 1937. Dezenas de milhares, se não centenas de milhares de civis chineses e combatentes desarmados foram mortos. Perceba-se outra vez, a imprecisão dos dados.

O mesmo ocorre com a Alemanha nazista. Fala-se em 6 milhões de judeus mortos. O número redondo me mostra que também é impreciso e pode ter sido mais ou menos. Acredito que pode ter sido inflado como para caracterizar o papel de vítimas.

Já assisti a alguns filmes e documentários que tentam reconstruir os fatos históricos. Mais recentemente assisti Operação Final, sobre Eichman, figura poderosa no entorno de Hitler e que fugiu para a Argentina, onde vivia como pacato cidadão, trabalhador em uma empresa alemã. Também vi o filme sobre o médico Mengele e como foi descoberto.

Há na história grande genocidas. Alguns deles: Hitler, Mussolini, Napoleão, Stálin, Pinochet, Saddam Hussein, Idi Amin Dadá, Mao Tse Tung, entre muitos outros. Percebe-se que uma pessoa pode entrar para a história pelos atos positivos que o caracterizaram (Mandela, Churchil, Eisenhower, Lincoln etc.) ou como exemplos a não serem seguidos.

O que me preocupa é que tem gente que, mesmo sabendo quem foram, ainda os venera. É o caso mais explícito dos neonazistas que endeusam o Führer e querem estabelecer governos que retomem as práticas nazistas. Há quem venere o Pinochet e quem queira o retorno da ditadura militar no Brasil. Parece que não aprendem com a história. E quem despreza a história só pode construir barbaridades, porque não aprende lições fundamentais para a vida em sociedade.

Quando vejo estas histórias de mortandade eu me pergunto: quem foi o coveiro destas vítimas? Olhando filmes e documentários onde valas eram abertas, os prisioneiros, inimigos e dissidentes eram colocados dentro e fuzilados, nada se fala sobre quem foram os que jogaram a terra e sepultaram os mortos. Coveiro não entra para a história. Ele é pária, faz o papel menos reconhecido na história: torna invisível as atrocidades cometidas, porque, com seu trabalho, encobre os massacres. O coveiro é um parceiro dos genocidas? Em certa medida sim. Por outro lado, tal como Eichman e os militares argentinos, vão se justificar com a “obediência devida”. Não tinham poder para desobedecer. Se o fizessem seriam sepultaram por outros coveiros obedientes.

Nunca vi alguém se gabar de ter enterrado número significativo de mortos. O que vi foram coveiros lamentando de ter que trabalhar tanto, como é o caso dos que sepultaram corpos em Manaus.

Em tempos fúnebres, uma reflexão sobre coveiros!

Marcos Inhauser