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quarta-feira, 18 de setembro de 2019

FALSOS PROFETAS


É fácil encontrar citações bíblicas alertando para os falsos profetas, pois eles são praga eterna e comum. Se o sábio falso é raridade, o profeta falso é achado em quantidade. Para reconhecê-los talvez o melhor caminho é olhar para as características do verdadeiro e perceber os que dele se desviam.
O verdadeiro profeta é apartidário. Ele não apoia este ou aquele candidato ou partido. Ele deve ser independente para poder dizer o que pensa deste ou daquele, mesmo os mais poderosos. Ele, no entanto, não é imparcial, visto que tem um compromisso radical com os pobres, as viúvas, explorados, estrangeiros e órfãos. Sempre está do lado deles. Como disse Max Weber, no antigo Israel havia a realeza mancomunada com os sacerdotes, o povo explorado por eles e o profeta que denunciava as injustiças da realeza/sacerdócio na exploração do povo.
O profeta, na pura acepção da palavra é “o mensageiro da parte de ... ”. Ele traz a mensagem da parte de Deus, palavra de denúncia e esperança. Não é o vidente que prevê o futuro, ainda que diga o que acontecerá caso insistam nas práticas iníquas. Seu exercício de futurologia é o da lógica que levas às últimas consequências os atos desastrosos praticados. Não é para menos que muitos o veja como vidente, como anunciador do futuro em termos visionários. Para tanto o Deuteronômio orienta: “Como saberemos se uma mensagem não vem do Senhor? Se o que o profeta proclamar em nome do Senhor não acontecer nem se cumprir, essa mensagem não vem do Senhor. Aquele profeta falou com presunção. Não tenham medo dele” (Dt 18:20-22)“. Outro alerta vem de um profeta: “Assim diz o Senhor Deus: Ai dos profetas loucos, que seguem o seu próprio espírito sem nada ter visto! ... Tiveram visões falsas e adivinhação mentirosa os que dizem: O Senhor disse; quando o Senhor os não enviou; e esperam o cumprimento da palavra. (Ez 13:3-7). Jesus também alertou: “Acautelai-vos dos falsos profetas, que se vos apresentam disfarçados em ovelhas, mas por dentro são lobos roubadores. Pelos seus frutos os conhecereis” ( Mt 7:15).
Pastores, bispos, apóstolos ou missionários que se apresentam como abençoadores de governo e deles necessitam para manter suas estruturas midiáticas ou religiosas, reproduzem o que havia no antigo Israel: a realeza casada como o sacerdócio para explorar o povo. É verdade que devemos orar pelos governantes, mas a mesma Bíblia estabelece que eles foram instituídos para punir os ímpios e zelar pelos pobres, estabelecendo a justiça e a paz.
A religião extorque com os impostos religiosos (dízimos e ofertas), assim como a realeza se mantém pelo extorquir via pesados impostos. A injustiça se dá no campo religioso e no governamental: se, quanto mais eu oferto na igreja, mais sou abençoado, o pobre está lascado. Se quanto mais rico eu for, menos imposto eu pago (jatinhos e iates não pagam imposto!), o fato de ser rico me dá um plus para ser ainda mais rico. O pobre paga mais e, por isto, está mais propenso a continuar na miséria. Isto gera a concentração de renda via lógica draconiana, perversa, iníqua e pecaminosa.
Na análise/diagnóstico para se conhecer os falsos ou verdadeiros profetas não se pode usar a lógica maniqueísta: se denuncio o governo A não significa, necessariamente, que sou a favor do governo B. O profeta denuncia erros e injustiças, mas isto não o compromete como apoiador da oposição. Sua posição sempre é de luta a favor dos pobres e explorados.
Como disse o sábio: “Não havendo profecia, o povo se corrompe” (Pr 29:18). Tomo a liberdade de modificar ligeiramente: “Não havendo profecia o governo se corrompe”.
Marcos Inhauser