Andava bronqueado com o senso comum de chamar os jovens de
“Geração Y”, mas não sabia por quê. Ouvi muita gente “intindida” discursando
sobre as características e senso de urgência desta geração. O meu nariz anda
torcido há tempos, desde que comecei a ouvir no Brasil a réplica daquilo que
existe nos Estados Unidos, categorizando gerações (founders, boomers, busters,
Y, Z, etc..). Detesto transplante de conceitos que servem para o império e que
se quer aplicar aqui como se fôssemos iguais aos de lá.
No sábado passado, ouvi o Dr. Volney Faustini, Administrador de Empresas, Escritor,
Preletor, Consultor nas áreas de Marketing, Vendas e Inovação Empresarial. Foi
Presidente da ABT – Associação Brasileira de Telesserviços de 1991 a 1995. Realizou centenas de
seminários, workshops e treinamentos nas áreas de Telemarketing, Vendas,
Motivação, Inovação Empresarial e Planejamento Estratégico. São de sua autoria,
os livros: A Arte do
Telemarketing (1992) e A Inovação Vencedora do Varejo (1999).
Ele, tal como eu, andava
irritado com a coisa. Só que ele passou da irritação à pesquisa. Leu 2.000
biografias de líderes brasileiros desde o império.
Estudou a fundo a nossa história e a dividiu em períodos de
Apogeu e Crise; descobriu fatores comuns (Ascensão, Apogeu, Queda e Crise), bem
assim o encadeamento entre elas.
Na sua categorização temos as seguintes eras: Exploradores
(1683-1707; Indignados (1708-1730; Inconfidentes (1731-1752); Realeza
(1753-1775); Novo Brasil (1776-1796); Monárquicos (1797-1818) - Unificadores
(1819-1840); Abolicionistas
(1841-1861); Transformadores (1882-1904); Modernidade (1905-1927); Revolucionários
(1928-1947); Bossa Nova (1948-1966); Caras Pintadas (1967-1984); Globalizados (1985-2006)
e Colaborativa
(2007-2028?).
Na
correlação entre as gerações estadunidenses e as brasileiras tem-se o seguinte:
Os Baby Boomers (nascidos entre 43-60) tem a geração Bossa Nova (nascidos entre
48-66); a geração X (61-81) tem a geração brasileira dos Cara Pintadas (67-84);
a geração Y (82-04) encontra no Brasil a geração Globalizados (85-06) e a
geração que tem os mais variados nomes nos EUA (05-??) encontra a Colaborativa
no Brasil (07-??).
Como exemplos típicos da Geração
Bossa Nova tem-se a FHC, Joaquim Barbosa, Alckmin, Aécio, Marina Silva, Eduardo
Campos, Ayrton Senna. Na Geração Caras-Pintadas tem-se a Lindberg Farias,
Luciana Genro, ACM Neto, Manuela D´Ávila, Gisele Bundchen, Luciano Hulk,
Barrichelo e Felipe Massa. Na Geração Globalizados pode-se citar René Silva,
João Montanaro, Gabriel Medina, Gergório Duvivier, Paulinho, Neymar, Lucas
Piazon, Luan Santana, Maisa da Silva Andrade.
Já a Geração Colaborativa é a que
está por vir, que tem seus poucos anos de vida e ainda não se tem a possibilidade
de caracterizá-la, mas de uma coisa se sabe: não mais aceitarão as coisas
feitas. Eles terão que participar, colaborar, construir junto.
Sei que vai ter gente que vai
torcer o nariz para esta nova descrição geracional. O que posso fazer? É mais
fácil ir com a onda e pegar o bonde andando e falar as abobrinhas que todos
falam. O que dizem pode ser verdade lá, mas não aqui.
Eu, de minha parte, porque acho que
senso comum é a somatória das afirmações feitas pelos que não pensam, tô fora
de chamar de Geração Y.
Marcos Inhauser