Recebi este texto do Rev. Marcos Kopeska, amigo e
colega de ministério, que edito para que caiba neste espaço.
“O profeta Jeremias, lá pelos idos do ano 600 a.C., alimentava uma
esperança que reflete nosso anseio hoje: "...e
dar-vos-ei pastores segundo o meu coração que vos apascentem com
sabedoria e conhecimento." (Jr 3:15). Conta-se a
fábula de um pastor que gostava muito de suas ovelhas. Elas não tinham presas,
garras e nem chifres. Eram indefesas e o pastor prometeu defendê-las sempre.
Jamais mataria uma ovelha para comer, por isso vivia de frutas e legumes e, se
necessário fosse, passaria fome. Em razão da sua dieta era muito magro, por
vezes debilitado, não obstante feliz com sua vocação. Nas cercanias moravam
lobos que apreciavam churrasco de ovelha, por isso a atenção do pastor era
intensa e incansável. O gostar de ovelhas, sob a ótica do pastor, tinha a ver
com a lã da ovelha, mas sob a ótica dos lobos tinha a ver com churrasco.
Todo
líder alega gostar de seus liderados, mas sob qual ótica? Pois bem, a notícia
de que havia ovelhas por ali se espalhou e logo vieram hienas e cães morar com
os lobos. O pastor impotente, com apenas um cajado, muniu as ovelhas de
couraças, chifres e dentes de aço. As ovelhas, sem saberem lidar com o
equipamento tornaram-se mais frágeis ainda e os churrascos mais frequentes. O
pastor teve então a brilhante ideia: “Vou
contratar tigres para cuidar do rebanho, mas precisam ser tigres vegetarianos.”
Encontrou-os, contratou-os mas aos poucos eles foram degustando os restos de
ovelha deixados e concluíram que carne de ovelha era mais palatável do que
frutas e vegetais.
Os
tigres fizeram um acordo com os lobos e hienas de que de dia cuidariam do
rebanho, mas de noite comeriam juntos o churrasco de ovelha, ocasionalmente morta
por causas “que fugissem ao seu controle”.
O
pastor observando que os tigres estavam relapsos no cuidado, chamou-os para uma
repreensão, mas ao longo da repreensão um tigre, sem dar muita atenção às
palavras do pastor, perguntou: “Qual
seria o gosto da carne de um pastor?” Outro respondeu: “Só provando para sabermos.” Entre a fala dos tigres, o pastor
notou que entre os dentes de um dos tigres havia vestígios de lã. O pastor
interrompeu a conversa, entendendo o que acontecia e propôs: “Vamos fazer um acordo...” A assim
viveram felizes, num bom acordo de paz: pastor, lobos, hienas, cães e tigres.
Vez ou outra comemoravam os avanços da paz com um churrasco de ovelha.
O
pior é que parece ser este o padrão da relação “Igreja & Estado” a que
chegamos em nossa Pátria mãe gentil. Alguns
pregam que o cristianismo deve ser apolítico, mas aí os churrascos de ovelha serão
mais frequentes e descarados. Outros creem que a igreja deva ser politiqueira, fazendo parte dos acordos
em troca de favores. Ela se torna lobo
ou hiena, menos ovelha. Creio que devamos promover ambientes cristãos de
esclarecimento – apartidários - sobre temas relevantes que envolvam os próximos
debates políticos da nação. Criar espaços onde as comunidades reflitam sobre
corrupção, violência, modelo de família, assistencialismo, aborto, educação, ...
Espaços onde nossos adolescentes conheçam uma nova consciência cidadã cristã.
Espaços que levem o povo cristão às urnas, livres dos sutis enganos e das
viciosas seduções da política partidária. Ambiência de conscientização e reflexão, não
de acordos.
Que
Deus nos ajude a ter uma nação com pastores
e ovelhas, mas sem churrascos após cada eleição.
Marcos
Inhauser