Há vários tipos de julgamento. Dizem os entendidos que, ao
conhecer uma pessoa, em prazo de segundos, já fazemos um julgamento baseado nas
informações internalizadas que temos. O pessoal da Relação Objetal vai dizer
que os valores para estes julgamentos são os modelos/vivências internalizados
pelas figuras de pai e mãe. Este primeiro e instantâneo julgamento é
corroborado ou modificado pelas informações posteriores, que, no mais das
vezes, porque já estamos “viciados” pelo julgamento primevo, tendem a
corroborar o que antes já foi sentenciado. Talvez na esteira do Kant, deva-se
dizer que não há imparcialidade em nenhum julgamento, nem mesmo nos que são
feitos pelo júri, porque seus membros vêm a ele com informações prévias do
noticiário, suas experiências de vida e seus valores internalizados.
Disto decorre que os julgamentos sempre são controversos.
Desde a atuação de um juiz em campo de futebol (cuja mãe é homenageada a cada
partida), até os feitos pelas mais altas cortes, sejam elas nacionais ou
transnacionais, são criticados. Raríssimas vezes os condenados e seus
amigos/seguidores disseram que os juízes foram justos no seu julgamento.
No que se refere aos governantes, há certo consenso no
julgamento dos piores da história (parece que há mais consenso nas avaliações
negativas que nas positivas!). A começar por Nero, Herodes e Átila e outros
imperadores romanos, passando por Napoleão, Hitler, Idi Amin Dada, Muamar al Kaddafi,
Franco, Pinochet, Videla, Slobodan Milosevic e outros tantos mais.
Os Estados Unidos também são pródigos na galeria dos horrores
presidenciáveis: Os Bush (pai e filho), Andrew Johnson, James Buchanan, Nixon,
Lindon Johnson e outros mais.
Como não poderia deixar de ser, o Brasil também sua contribuição
nesta galeria: Marechal Deodoro da Fonseca, Hermes da Fonseca, Washington Luis,
Sarney, Collor e Dilma. Esta lista, com certeza, será questionada por muitos
que incluirão a outros e defenderão a alguns.
Estamos em momento intenso de julgamentos. Para usar a expressão
de um dos que refuto como péssimo governante, “nunca na história destepais” houve tanta gente sendo julgada. A
grande maioria alega inocência, algumas fizeram delação premiada, outras
esperneiam até não mais poder, usando do direito do “jus esperneandi”. Alguns, com advogados que recebem seu peso em
ouro, adotam a linha de mostrar inconsistências nas investigações, outros
adotam a linha do confronto direto e desrespeitoso, preferindo acusar os
julgadores que apresentar provas de inocência. A tática de desmerecer a
acusação é tão antiga quanto a humanidade e poucas vezes se mostrou eficaz.
Hoje entramos na segunda etapa de um julgamento controverso,
O judiciário brasileiro que, por várias vezes claudicou na sua missão de
estabelecer a justiça, tem a chance histórica e pode mostrar para que existe que
porque custa o que custa. Não basta ter uma capa sobre os ombros e falar
palavras ininteligíveis para a grande parte da massa, não basta saber umas
tantas quantas frases latinas. É mister que faça justiça e esta baseada nos
autos do processo e nas investigações, sem se deixar levar por pressões de
políticos, da mídia, ou por narcísicos que possam ser.
Há um clamor na sociedade, tanto para um lado possível do
julgamento, quanto para o outro. Dependendo do resultado, parte da população estará
satisfeita e parte dirá que houve injustiça, parte dirá que o Judiciário foi
valente e se posicionou, parte dirá que o Judiciária se curvou. Nunca um juiz
saiu de campo depois de um jogo sem críticas!
A sentença nunca será final! Sempre haverá controvérsia. Há
até mesmo os que, mesmo com tudo o que se sabe, defendem Hitler!
Marcos Inhauser