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terça-feira, 24 de maio de 2011

CUPIM NA PORTA

Logo que me mudei para a casa onde atualmente moro, fui alertado que havia um “pozinho” debaixo da porta do quarto. Alertado fui por várias vezes de que este pozinho insistia em aparecer todas as manhãs. Certo dia fui conferir e lá estava ele. No outro dia idem e assim por alguns dias seguidos em que verifiquei. Um dia, conversando com meu pai, quem trabalhou com madeira muitos anos, contei a ele, ao que me perguntou se era pó ou algo como que pequenas bolinhas, granulado. Um dia lembrei de examinar e comentei com ele e ele me disse que há uma diferença entre o pó deixado pelo cupim e pelo coró. Perguntei a diferença entre um e outro e, confesso, não vi muita diferença no estrago que fazem. Não dei mais atenção ao fato, e esperei para ver o que aconteceria. Passados alguns anos, na lateral da porta apareceu um enorme rombo, que deixou ver que a porta estava comida por dentro e que deveria trocá-la. Nestes dias em que estava vendo na televisão o noticiário sobre as denúncias contra funcionários da Sanasa, por uma destas questões que só Freud explica, lancei o olhar para o rombo na porta agora corroída pela praga. Quem acompanha mais atentamente o noticiário já deve ter percebido que a atual administração andou deixando sinais que evidenciavam problema futuro na estrutura. Quem me acompanha nesta coluna poderá se lembrar que, por várias vezes, andei falando do prefeito e sua gestão (Heliofote Santos, Heliossaurus Sanctis, Elogios e Desafios, Roda, Roda-viária, Transtornoviária, Haelius Aegypyt). Nestas colunas eu denunciava que algo estava caindo da porta da Prefeitura Municipal de Campinas. Eu imaginava que o esquema era grande e pesado, mesmo porque, como colunista, muitas vezes fui parado por pessoas ou amigos que me relatavam coisas horripilantes. Algumas até eram funcionárias da Prefeitura e me passavam dados concretos, mas que eu, por não ter as provas necessárias, não podia ser irresponsável e sair usando a coluna para acusar. Outras vezes recebi e-mails não identificados alertando para o pozinho que insistia em aparecer aqui e acolá. Confesso que as acusações que agora são feitas são maiores do que a minha capacidade de imaginação conseguiu abarcar. Aqui com meus botões, eu não estou surpreso, mas estarrecido com a gravidade das denúncias, o tamanho do suposto rombo, a quantidade de gente envolvida e o nível funcional deles. Quando a coisa começou e o Ministério Público chamou os denunciados a depor e começou o festival de licença médica, ausência, ficar em silêncio, não produzir provas contra si mesmo, etc., práticas conhecidas por todos nós em outros esquemas denunciados, tive que ampliar o horizonte da minha imaginação, mas mesmo assim não o fiz suficientemente. Se na porta do meu quarto o estrago foi produzido por cupim ou coró, não importa. A porta foi pro brejo. Se as denúncias tem motivação política ou não, não me importa: a coisa anda podre lá pelos lados da Sanasa e Prefeitura.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

QUEREMOS SOCIEDADE E NÃO AGLOMERAÇÃO

Recebi o seguinte artigo do meu amigo Marcos Kopeska, que o uso com pequenas edições para caber neste espaço: Para os que sonham com uma sociedade justa, o Projeto de Lei “Ficha Limpa” foi um bom começo, mas ainda começo. Talvez possa uma dose de ópio para acalmar os ânimos dos mais pessimistas. Sonhamos com ética na política. Em 2005 circulou a sátira que reflete este anseio: “Haverá um dia em que todos voltaremos a ser felizes. Será o dia em que Rosinhas serão apenas flores... Garotinhos apenas crianças... Genuínos serão coisas verdadeiras... Serra será apenas um acidente geográfico ou uma ferramenta... Genro apenas o marido da filha... Lula apenas um molusco marinho... E Severino, apenas o porteiro do prédio" O estudioso da ética, John Rawls, diz que "uma sociedade em que certo mínimo de valores não seja partilhado pela grande maioria não só não é democrática, como não é uma sociedade. É uma aglomeração". Creio sim, que o cristianismo pode contribuir com a política, apontando para a ética e acordando a sociedade para a retomada dos valores mais nobres da sociedade. Necessitamos urgentemente de uma reinterpretação da presença profética da igreja na sociedade, não fazendo alianças políticas corruptas e egocêntricas, mas orientando processos transformadores. Segundo a clássica definição do filósofo grego Aristóteles, (328 a.C.), “política é a ciência, arte, técnica e estratégia de administrar para o bem comum; mais decisivo do que o bem individual”. Sob esta ótica não tenho nenhum peso de consciência em dizer que quem faz alianças políticas pensando em ganhar ônibus, materiais para construir templos ou concessões de rádios, estão sendo anti-éticas (por definição), para não dizer “partidárias da corrupção gospel”. Como cristãos articulemos e trabalhemos para que nossos governantes e legisladores: • Vejam na política não uma ambição do poder pelo poder num jogo de interesses pessoais, familiares ou corporativos; • Estejam profundamente comprometidos com a cidadania, o povo, os necessitados, explorados e marginalizados; • Façam parcerias, não com detentores costumeiros do poder, mas com quem serve ao povo (universidades, igrejas, uniões e organizações de classe capazes de procurar o bem comum); • Tenham decência, lisura e honestidade que constituem o contrário da corrupção ativa ou passiva; • Tenham competência, conhecimento profundo das formas, métodos e práticas políticas, sem o qual de nada adianta a decência; • Tenham experiência administrativa ou legislativa; • Tenham coerência entre o ser humano e o homem político; vida pessoal e democrática e o exercício do poder; • Tenham a eficiência, habilidade e capacidade de realizar de um projeto político para o bem comum. Assim sendo, seremos mais do que aglomerado; seremos sociedade. Marcos Inhauser