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quarta-feira, 2 de agosto de 2017

COM QUEM ANDAS?


Diz o ditado: “dize-me com quem andas e dir-te-ei quem és”. Sabedoria popular acumulada por séculos. Aplicada no dia-a-dia, nem sempre ela se aplica cabal e infalivelmente. Um exemplo disto é Jesus: andou com publicano, zelote, ladrão, esteve na casa de coletor de impostos odiado pelo povo, deixou-se lavar os pés por uma prostituta, teve um mentiroso em sua companhia. Nem por isto teve em sua vida uma destas características.

No entanto, se esta máxima popular for aplicada ao Temer, tenho a impressão de que a conclusão será outra. Ele está cercado de pessoas suspeitas, denunciadas por mais de um delator da Lava Jato (Padilha, Gedel, Jucá e Moreira Franco). Do seu círculo próximo de auxiliares, vários devem explicações à Justiça: Loures, Yunes, Filipelli. Do seu entorno político, o Marum, precisa explicar sua lealdade ao Eduardo Cunha, ao ponto de visitá-lo na cadeia em Curitiba, com viagem que ele cobrou da Câmara. O Perondi e o Vladimir Costa (aquele que tatuou Temer o ombro depois de ganhar cinco milhões em emendas parlamentares) são figuras histriônicas que se desacreditam cada vez que falam. O relator que apresentou a versão pró-Temer na CCJ, o Ackel, também foi agraciado com emendas parlamentares, assim como tantos outros, no festival de liberação que antecedeu a votação. Até o presidente da CCJ recebeu quinhentos mil para pagar dívida.

O presidente teve o apoio em sua campanha dos dez milhões da Odebrecht, acertados em reunião no Palácio do Jaburu, mesmo local da reunião com o Joesley, a quem agora ele chama de bandido e seus funcionários de capangas. Para se segurar no cargo, reúne-se com o Aécio, também no Palácio do Jaburu, outro enrolado com a delação da JBS e Furnas.

Dos seus ministros, Kassab, Bruno de Araújo, Aloisio Nunes, Marcos Antonio Pereira, Blairo Maggi e Helder Barbalho devem explicações às citações feitas pelos delatores. Os líderes André Moura e Aguinaldo Ribeiro não fogem à regra: estão sujos na Lava Jato.

Sobra quem? Esta é a pergunta que muitos se fazem.

Mas vamos adiante: um presidente que tem uma acusação com áudio gravado em que comete o crime de obstrução da Justiça e corrupção, que ouve de um cidadão que ele está corrompendo juiz e nada faz, pode governar um país? Merece credibilidade um presidente que compra votos de parlamentares abrindo as torneiras do erário para liberar emendas parlamentares, mesmo diante do rombo nas contas públicas? Tem autoridade um político que se sustenta no cargo pela compra de votos e chicanas regimentais, trocando peças na CCJ para que a votação lhe seja favorável?

Na América Latina vivemos dias ímpares: na Venezuela um presidente que se sustenta pela truculência, por histrionismos retórico e chicanas jurídicas para convocar uma constituinte a seu gosto e formato. No Brasil, um presidente que se sustenta com mudanças nos membros da CCJ, com compra de votos e Decreto Lei que agrada a bancada ruralista. Dois mandatos ilegítimos pelos atos praticados. Se na Venezuela há mortes nas manifestações, no Brasil há mortes pelo contingenciamento de verbas para a saúde. Se a Venezuela está falida, no Brasil estados estão falidos ou em estado pré-falimentar.

Neste momento parece que Venezuela e Brasil são nações gêmeas siamesas.

Marcos Inhauser