Professor, pastor, teólogo e educador corporativo Textos escritos para a coluna semanal no Correio Popular, da cidade de Campinas e texto escritos depois de 2021, que tratam de temas nacionais, internacionais, sobre igreja e teologia
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domingo, 8 de novembro de 2009
LUDAS
A sugestão do Lula de que, para se governar o país, até Jesus Cristo teria que fazer aliança com Judas, já provocou muita reação. Na minha última coluna confessei que não consegui resistir à tentação de também dar meu pitaco, não que eu tivesse coisa substancialmente diferente a dizer, mas porque, tendo algumas ideias na cabeça, cultivadas ao longo destes anos, via agora a oportunidade de colocá-las para fora.
Escrevi mostrando como o Lula se julga alguém igual ou maior que Jesus Cristo, e dei alguns exemplos para provar minhas afirmações. Para surpresa minha, vários foram os e-mails concordando com o que escrevi, coisa um tanto rara. Como este espaço não me permite longas digressões, preferi escrever a coisa em dois capítulos: como ele se vê e como eu o vejo.
Se nesta história há Judas, há duas possibilidades de entendimento: os aliados de Lula (o Messias) são Judas ou ele mesmo é Judas procurando um Messias para se aliar.
Na história bíblica, Judas é uma pessoa com ambições políticas pertencente ao grupo dos sicários, uma ramificação dos zelotes que perpetrava violentos ataques, com punhais (sicarii), contra as forças romanas na Palestina. Outros derivam o seu nome do aramaico saqar, palavra que significava alguém "mentiroso", que é "falso". Judas, no entanto, queria mesmo é estar de bem com a elite governante e com os romanos. Sua participação inicial nos movimentos pode ter sido falsa ou ele sucumbiu às tentações do poder.
Na história do Lula muitos foram os amigos e discípulos que foram entregues à execração pública, vendidos para abafar a opinião pública por trinta moedas de prata. Para não ir muito lá para trás, lembro como ele entregou à sanha das elites dominantes a colega de caminhada Cristóvam Buarque, destituindo-o com um telefonema, como entregou o Dirceu, o Pallocci e mais recentemente a Marina Silva. Neste afã de não perturbar as elites e os interesses do capital é que entendo porque ele seu governo nada fizeram para esclarecer os crimes de morte do Toninho e do Celso Daniel.
Para mim o Lula é um Judas. Um Ludas que se aliou a um bando de outros Judas para a propalada governabilidade, tal como o Judas teria argumentado para justificar a entrega do Mestre. Lá também foi em nome da paz nacional que se entregou um perturbador da paz.
O problema é que, na falta de um Messias, ele decidiu criar o seu, à sua imagem e semelhança. Ela vamos nós de Dilma.
Marcos Inhauser
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