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quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

A PETULÂNCIA DO VERDADEIRO


Sei que sempre fui chato com certas coisas e parece que, com os anos, isto tem se acentuado. Seria fruto do envelhecimento ou a quantidade de veze que já me aborreci? Tenho minhas broncas com pessoas que repetem o que dizem duas três ou mais vezes, como se eu não tivesse entendido na primeira. Acho que, ao repetir, está me chamando de burro. Detesto quando as pessoas usam o “realmente” em profusão. Quando uma pessoa solta o primeiro, começo a contar e descubro que tem gente, e até jornalistas televisivos, que conseguem falar mais de dez vezes em uma inserção de 30 segundos.

Não consigo ler artigos ou livros que trazem títulos absolutos. Veja estes exemplos: Negociação Total, Tudo sobre Inteligência Emocional, Manual Completo de Coaching, Manual Completo do Líder, etc. Citei só os que ganhei de presente e estão na minha biblioteca. Ganhei duas biografias: uma do Einstein e a outra do Chaplin. Gosto de ler biografia. Uma se chama “Einstein, uma biografia”. Li quase que de uma sentada. Adorei. Peguei a segunda: Chaplin: Uma Biografia Definitiva”. Tentei ler, mas achei pedante, cheia de detalhes insignificantes e o título me convenceu a parar de ler. Ele diz que depois desta biografia nada mais poderá ser escrito ou nada mais será descoberto sobre o gênio da cinematografia. Petulância!

Acabo de receber um artigo pelo WhatsApp: “O Verdadeiro Sentido dos Evangelhos”. Não li e não vou ler. É petulante. Só ele sabe o que “verdadeiramente” os evangelhos dizem? Tem ele a interpretação infalível dos evangelhos? Outro que recebi foi: “O verdadeiro amor”. Tentei ler, mas dizia que uma esposa que ama seu marido deve obediência irrestrita e ele. Isto é amor? Também recebi uma mensagem no WhatsApp me informando a “verdade” sobre o corona vírus e culpando os governos comunistas da China, Cuba e do PT de terem produzido vírus.

Para mim, tudo que começa alegando autoridade, verdade, tem ares de ser absoluto, eu deleto. Mas o meu lado masoquista me leva, às vezes a ler um pedaço da podridão que me mandam. Tenho meus pruridos de prestar atenção a quem começa sua apresentação desfilando o que já estudou e o que fez. Tem um escritor bastante lido que, nos primeiros livros que escreveu, falou mais da sua autoridade em escrever o que escreveu, do que explicar o que de novidade tinha a dizer. Era especialista desde motor à explosão até cesariana! Nunca comprei nem um livro do narciso. Outro dia minha esposa recebeu um vídeo de um “médico midiático” que iria discorrer sobre diabete. Estávamos no carro e fui obrigado a escutar. Ele gastou uns 10 minutos para falar onde deu aulas, onde estudou, com quem esteve, quantos livros já escreveu, quantos vídeos já produziu, quanto seguidores tem. Pedi a ela que parasse e ela, também irritada com o rosário de atributos da “otoridade”, desligou sem questionar.

Há leitores que me escrevem criticando. Tem quem me chame de comunistas, socialista, guerrilheiro, petista, herege, bolsonarista, machista, e coisas outras que nem posso repetir. O que chama a atenção nestas mensagens é o tom autoritário e absolutos das frases. Há quem me escreve na esperança de que eu dê um espaço a eles na coluna, rebatendo o que dizem. Perdem tempo.

Marcos Inhauser