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quarta-feira, 29 de abril de 2020

A QUARENTENA DE JESUS

Relatam os evangelhos (Mateus, Marcos e Lucas) que Jesus entrou em quarentena, logo no início de seu ministério. Os textos afirmam que ele foi levado ao deserto pelo Espírito e o diabo o tentou neste período. O que ele fez foi uma quarentena real porque foram quarenta dias isolado de tudo e todos.

Os relatos também afirmam que ele nada comeu neste período, findo o qual (ou no final dele) Jesus teve fome. Foi quando, espertamente, o diabo o tentou e a primeira das tentações foi transformar pedra em pães.

A primeira coisa que quero salientar deste episódio é que o isolamento social é algo que pode ser visto e encontrado em muitos personagens da história humana, seja ele um isolamento imposto ou autoimposto. No caso de Jesus ficamos com as duas possibilidades: ele foi imposto a Jesus pelo Espírito que o levou ao deserto ou foi autoimposto, em consonância com a terceira pessoa da trindade. Não há motivação externa para este isolamento, a não ser que, guiado pelo Espírito, o foi para ser tentado (no dizer de Mateus e Lucas). Não havia uma epidemia que o obrigasse a tal.

A segunda coisa é que houve privação de alimento durante a quarentena. Tal foi esta privação que o diabo, astuto, fez sua primeira tentação apoiada nesta situação famélica. Jesus percebeu que poderia comer se usasse o que podia fazer, mas que colocava sua vida e ministério em risco.

Estamos em quarentena imposta e há também os que assim estão por autoimposição, conscientes do momento que vivemos e dos riscos que corremos. Muitos são os que, como Jesus, veem minguar as possibilidades de ter e dar alimento aos seus, são tentados a abandonar o isolamento e dedicar-se às coisas que possam trazer o sustento. Há os que, acostumados com a rotina diária de sair e trabalhar, não se sentem confortáveis ficando “engaiolados”. Como passarinhos precisam sair para voar.

Todos, tal como Jesus, estamos tentados a transformar pedras em pães.

A segunda tentação foi a de mostrar o poder de ser imune à queda: “atira-te do pináculo do templo”. Usando do poder e ele poderia dar ordens aos anjos para que o protegessem. Muitos há que, neste tempo de infestação, acham que são intocáveis. Mudam até o salmo e dizem: “Porque ele me livra do laço do corona e desta peste. ... Não temo os terrores da pandemia, nem o vírus que voa de dia, nem peste que anda na escuridão, nem mortandade que assole ao meio-dia. Milhares vão morrer, dez mil à minha direita; mas eu não serei atingido”. (Sl 91).

Tal com o Jesus somos tentados a mostrar nossa fortaleza e o poder de não se contaminar

A terceira tentação foi a de dirigir sua adoração para outra coisa que não fosse Deus. O diabo lhe promete céus e terra. Como podia ele fazer isto se Deus é o criador e mantenedor de tudo e, por conseguinte, o dono de tudo? Estava oferecendo algo que não tinha poderes para oferecer. Nesta quarenta também há os que estão oferecendo o que não podem entregar. Baseados na ignorância que os caracteriza, afirmam e prometem o que não podem concretizar.

Tal como Jesus, somos tentados a adorar quem não tem poder nem para demitir um funcionário seu.

Marcos Inhauser