Já escrevi aqui
mais de uma vez, sobre o sábio Cirilo. Negro, bóia fria, trabalhou com famílias
alemãs na área de Indaiatuba e acabou aprendendo alemão. Sua maior virtude era
a forma como via a vida e a julgava a partir de coisas corriqueiras.
Um dia, na porta
da casa de sítio onde passávamos férias, ele me ensinou uma coisa que a levei
por toda a vida: as coisas caem na mesma velocidade que sobem. Se subir muito
rápido, a queda vai ser rápida também. Fui revisitado pelas lembranças do sábio
nestes dias ao ler e sentir no bolso as consequências de um destes fenômenos.
Falo do Eike
Batista, filho de Eliezer Batista da Silva, ex-presidente da Vale do Rio Doce
(61-64; 79-86), ex-ministro de Minas e Energia. Depois de passar a infância no
Brasil, foi morar na Suíça, Alemanha e Bélgica. Nunca terminou o curso de
Engenharia Metalúrgica na Universidade Técnica de Aachen.
Com 18 anos,
voltou ao Brasil e vendeu apólices de seguro de porta em porta.
No início dos
80, se dedicou ao comércio de ouro e diamantes. Fluente em cinco idiomas (português,
alemão, inglês, francês e espanhol). Com 21 anos montou uma empresa de compra e
venda de ouro e em um ano e meio, acumulou US$ 6 milhões. Aos 29 anos tornou-se
o executivo da TVX Gold. De 1980 a 2000, criou US$ 20 bilhões com a operação de
8 minas de ouro no Brasil e Canadá e uma de prata no Chile. Entre 91 e 96, o
valor da empresa triplicou. Em 2001, a TVX Gold foi vendida por 875 milhões de
dólares canadenses.
Considerado o
homem mais rico do Brasil, hoje amarga o fundo do poço. Eike está negociando com os bancos uma dívida de curto prazo de R$ 7,9
bilhões. A OGX (petróleo), MMX (minério), LLX (logística), OSX (estaleiro), MPX
(energia) e CCX (carvão) precisam pagar ou renegociar R$ 7,9 bi até março de
2014. A LLX renovou com o Bradesco um empréstimo de quase R$ 590 milhões que
venceu em abril.
As
ações do grupo estão se esfarelando na Bolsa. No último ano caíram entre 24,6%
(MPX) e 85% (OSX). Só na segunda-feira houve queda de 27%.
Vendeu
sonhos e não entregou um centavo aos investidores: "São projetos de longa
maturação, que exigem altos investimentos e não estão produzindo o que se
imaginava" disse um analista.
A
crise de confiança do grupo começou há um ano, quando um campo de petróleo da
OGX frustrou as expectativas de produção. A partir daí, os investidores
começaram a questionar a capacidade do empresário de "entregar".
Pelo
jeito ele vai entregar uma manada de bezerros para a “vaca leiteira do
governo”. E vamos virar sócios na dívida!!!.
Marcos Inhauser