A
fritura que o ex-ministro das Cidades, Mário Negromonte, foi submetido, teve
elementos interessantes de serem analisados. Ele foi fritado por causa da sua
incúria administrativa. Sua gestão era
considerada sofrível, pois algumas das bandeiras da gestão Roussef estavam sob
a responsabilidade do Negromonte, como é o caso da Minha Casa, Minha Vida e que
parcela ínfima de recursos havia sido destinada e usada. Dos R$ 22,2 bilhões autorizados pela
presidente o órgão gastou R$ 2,3 bilhões, ou seja, pouco mais que 10%. E isto em
uma pasta que deveria dar visibilidade e fazer propaganda para o Governo. O
Programa de Aceleração do Crescimento na Mobilidade Urbana ficou na promessa.
A segunda razão é que ele não conseguiu fazer a
articulação política, pois não unificou a sua base de sustentação e foi alvo do
fogo amigo da própria bancada. Ruim de gestão e de negociação.
A terceira razão é que distribuiu benesses a amigos
e parentes. O caso do superfaturamento do TAV de Campo Grande é exemplo.
A quarta razão é o desejo do líder da bancada
de ser o Ministro das Cidades. O deputado Aguinaldo Ribeiro, também do PP. Era
seu sonho de infância ser ministro de alguma coisa. Ele tem em comum com o
antecessor, não só pertencerem ao mesmo partido, mas serem alvos de denúncias
várias. O novo ministro é dono de construtoras não declaradas ao Tribunal
Eleitoral. Ele aumentou seu patrimônio em 2,5 vezes entre 2006, quando se
elegeu deputado estadual na Paraíba, e 2010, quando foi eleito para o primeiro
mandato na Câmara dos Deputados. As declarações de bens que entregou ao
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) teve uma variação patrimonial de 164,6%: saltando
de R$ 1.350.998,50 para R$ 3.575.093,38. Só para comparar, a média de valorização do patrimônio dos deputados
federais entre 2006 e 2010 foi de 5,2%. Nesse período em que esteve na
Assembleia Legislativa de seu estado comprou dois imóveis, entre eles uma casa
de R$ 410 mil, além de dois terrenos e três carros de luxo. No mesmo período
também investiu em cabeças de gado, ações e aplicações em renda fixa.
Tamanha capacidade administrativa agora é
dedicada ao gerenciamento do Ministério das Cidades!!
Mas o que mais me chamou a atenção neste
episódio foi a cara de deslumbramento do Aguinaldo quando chegava ao Palácio do
Planalto para aceitar o convite depois da sua autoindicação. Quem teve a
oportunidade de vê-lo diante das câmaras de televisão pôde perceber a cara
deslumbrada do novel ministro, com um sorriso maroto nos lábios, como que
querendo dizer: “agora eu sou o cara”. Mais que isto, sua fala logo após a
audiência foi de tal arrogância e prepotência, consolidada pelo nariz empinado
e palavras de que no fundo queriam dizer: “agora vou arrasar e fazer o que o
Negromonte não fez”.
Eu, de minha parte, vou sentar a arquibancada e
ver quanto tempo dura. Mas acredito mais no versículo bíblico: “a arrogância
precede a queda”. Chegou de salto alto, vai quebrar o tornozelo!
Marcos Inhauser