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terça-feira, 10 de maio de 2011

GUZMAN E LADEN

De 87 a 93, por força do meu trabalho com Direitos Humanos na América Latina, acompanhei de perto (mais perto do que gostaria) os problemas políticos no Peru com o governo autocrático do Fujimori, a derrocada da economia com o Fujishock, as investidas dos grupos guerrilheiros Sendero Luminoso e Tupac Amaru. Entre os que trabalhávamos nesta área havia certo consenso de que o Sendero era irracional, não se sabia ao certo o que queria, apostava no caos (seguindo o modelo maoísta de quanto pior melhor). Eles praticavam ataques terroristas e assassinavam qualquer pessoa que ousasse discordar de seus métodos. Há relatos de igrejas inteiras sendo atacadas e os presentes mortos, pelo simples fato de que denunciavam a violência. A figura do chefe, Abimael Guzmán (professor de Filosofia da Universidade Nacional de San Cristóbal de Huamanga) , considerado fundador e que adotou o codinome Presidente Gonzalo, assumiu certa aura mística, vez que o governo, exército e paramilitares não conseguiam capturá-lo. Viveu assim dos anos 60 aos 90, décadas que reforçaram o imaginário popular quanto à sua astúcia e inteligência. Em 12 de outubro de 1992 (data da celebração dos 500 anos de “descobrimento” da América) Guzmán é apresentado como prisioneiro e aparece várias vezes no tribunal, vestido de roupa listradas típica dos prisioneiros e cabeça baixa. Humilhado publicamente, sua mística veio abaixo e com ela o Sendero Luminoso quase desapareceu. Ele continua preso em uma prisão, juntamente com Montesinos, o corrupto mór do governo Fujimori, que teve que fugir do Peru para não ser preso. Laden também fugiu e ninguém o pegava até que o Obama vem a público dizer que havia sido morto em sua casa por um comando especial da Marinha e que seu corpo havia sido jogado ao mar (para evitar uma peregrinação). O problema é que os EUA ainda não aprenderam que um mártir vira herói. Assim foi com o Allende, Getúlio, Sandino, Farabundo Marti, Manoel Rodrigues e tantos outros. Matar é dar cordas à heroicização e isto está acontecendo. Os fatos narrados na primeira hora tiveram que ser recontados pela Casa Branca, porque Bin Laden não estava armado como se havia dito, nem usou a esposa como escudo. Acabo de escutar de que os filhos vão processar o Obama pela morte do pai e pelo insulto de atirá-lo ao mar, um desrespeito segundo a tradição islâmica. O Obama pode ter vindo a público dizer que justiça foi feita, pode ter o respaldo da opinião pública, mas criou um herói. E este herói ainda vai dar muita dor de cabeça ao Obama e aos EUA. É o preço que vão pagar pelo erro cometido. Se tivessem feito o que o Peru fez, não teriam hoje um cadáver a assustar uma nação. E olha que não acredito em assombração. Mas faço uma concessão ao Bin Laden.....