Tenho para comigo, e há muitos que vão discordar, que o
papado de Ratzinger foi um dos mais fracos do último século. Quando da sua
renúncia escrevi: “Especulo ... que Bento XVI nunca foi unanimidade na igreja.
Uma coisa é o discurso formal, o rosário de elogios que bispos fazem. Outra ...
é o que vai na alma e no coração. Converso com muitos católicos, clérigos e
leigos, e nunca percebi que a eleição de Bento XVI fosse consenso. Houve quem
tivesse dito que tiveram que engolir a eleição “goela abaixo”. Por suas
posições quanto à Teologia da Libertação, ele tinha sérios questionamentos por
parte de latino-americanos. Questionado na sua eleição, no seu posicionamento
teológico (essencialmente conceitual, tratando de temas que não são pertinentes
à realidade de povos da África, Ásia e América Latina) e enfrentando a luta por
espaço por parte de grupos que atuam no interior da Cúria, só lhe restou a
renúncia.”
Talvez eu tivesse que acrescentar: renunciou ao papado quem
nunca foi papa.
A eleição do Cardeal Bergoglio indica, pelos primeiros
sinais, mudanças. A primeira na suntuosidade e opulência que os anteriores
costumavam ostentar. A segunda, a escolha do nome que, se for harmônica com os
princípios de Francisco de Assis, será um papado franciscano, voltado aos
pobres e com preocupação ecológica (coisas que já foram sinalizadas pelo novo
papa). A terceira, sua vocação pastoral e não acadêmica. Ele é mais de abraçar
e sorrir que produzir encíclicas sobre temas que não são preocupação dos fiéis,
como foi o caso do seu antecessor.
Resta saber como ele tratará os temas da Cúria, do Banco e
dos crimes sexuais de pedofilia. No entanto, esperar mudanças mais radicais em
temas como casamento de padres, homossexualidade, aborto, controle da
natalidade, uso de preservativos, é esperar milagre.
Marcos Inhauser
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