Segue mais um texto
do meu amigo Paulo Rückert
EMDR é uma sigla em inglês e significa Dessensibilização e
Reprocessamento pelo Movimento dos Olhos.
Em 1987, a psicóloga Francine Shapiro estava passeando num parque da
Califórnia. Defrontando-se com lembranças desagradáveis e perturbadoras, ela
começou a movimentar os olhos para a direita e para a esquerda; é o mesmo
movimento que fazemos no sono REM, quando sonhamos. E ela percebeu que estava
ocorrendo uma dessensibilização das emoções desagradáveis.
Esse movimento dos olhos estimula os hemisférios cerebrais. No
hemisfério direito predominam as emoções. E o hemisfério esquerdo destaca-se
pela lógica e pelo raciocínio técnico.
O equilíbrio neurológico possibilita o processamento espontâneo e
natural das informações. A informação útil é armazenada e fica disponível na
memória. Mas, uma situação perturbadora e traumática pode ocasionar um
desequilíbrio no sistema nervoso. Com o processamento de informações
prejudicado, permanecem no cérebro emocional as lembranças disfuncionais.
Mediante o movimento dos olhos é acionada a rede neurológica onde a
lembrança traumática ficou presa, e o cérebro é estimulado a reorganizar a
lembrança disfuncional e processá-la de forma funcional. A partir de
então, a rede onde o trauma está arquivado passa a cooperar com a rede que
possibilita a compreensão das informações. A dimensão emocional e o
conhecimento racional passam a trabalhar juntos.
Enquanto os dois hemisférios do cérebro não estiverem cooperando entre
si, as emoções traumáticas permanecem travadas. É preciso promover a conexão
entre a dimensão emocional e o conhecimento racional. E essa conexão é
efetivada mediante o movimento dos olhos.
Francine Shapiro também observou que sons alternados – da esquerda para
a direita – nos fones de ouvido, ou palmadas suaves ora na mão direita, ora na
esquerda produzem o mesmo efeito.
A pessoa traumatizada é incentivada e relembrar o episódio perturbador.
Enquanto a pessoa evoca uma imagem marcante, ela recebe o estímulo, que pode
ser visual, sonoro ou tátil. Acontece, então, uma dessensibilização da
lembrança traumática. E, também, um reprocessamento das informações no cérebro.
As pessoas submetidas à terapia do EMDR declaram que a lembrança
traumática está lá no passado; ela continua existindo, mas não incomoda mais.
Livre da carga disfuncional, a memória traumática perde a potência. E a partir
de então, a pessoa está em condições de elaborar uma nova compreensão do
ocorrido, um reprocessamento.
Em seu livro Curar, o neurocientista David Servant-Schreiber
relata que a revista Journal of Consulting and Clinical Psychology publicou
“um estudo com oitenta pacientes com traumas emocionais que foram tratados com
EMDR”. O médico prossegue: “Nesse estudo, 80% dos pacientes sentiram
recuperação de suas síndromes traumáticas depois de três sessões de noventa
minutos. Esse índice de recuperação é comparável ao dos antibióticos no caso de
pneumonia”. E o neurocientista conclui: “O mesmo grupo de pacientes foi
analisado durante quinze meses e descobriu-se que eles desfrutavam daquele
benefício quinze meses após o tratamento”.
Os resultados terapêuticos do EMDR são reconhecidos pela Organização Mundial
da Saúde (OMS).
A terapia é breve e eficaz, como mostram os vídeos na internet.
Assim como o corpo pode curar a si mesmo, quando nos machucamos, também
a mente pode se restabelecer, afirma Francine Shapiro. E nós acrescentamos:
“Graças a Deus”.