Atribui-se a Churchill a frase de que a democracia é um
péssimo sistema de governo, mas ainda é o melhor que conhecemos. Tenho que
concordar com ele, especialmente quando se considera que a democracia é feita
por eleições baseadas no poder aquisitivo dos candidatos, o que permite maior
exposição e chance de ser lembrado na hora do voto.
Com as mudanças havidas na legislação brasileira impedindo a
doação de empresas, estabelecendo teto de gastos segundo as cidades, fazendo o
cruzamento dos dados de arrecadação com o CPF dos doadores, algo mudou na forma
eleitoral brasileira. No entanto, ainda não são mudanças radicais, haja visto
que o ex-prefeito de Campinas, que tem seus direitos políticos cassados,
apresenta-se como candidato e consegue manter a candidatura sabe lá Deus como.
Neste novo modelo de arrecadação via contribuição de pessoas
físicas, já se sabe que muitas maracutaias foram feitas e que mais ou menos 30%
das contribuições são questionáveis: mortos doando, gente com bolsa família
doando, funcionários de prefeituras doando o salário integral, um candidato do
Paraná que deu para a sua campanha mais do que todo o seu patrimônio declarado.
Acredito que mais maracutaias aparecerão. Explico-me com
este exemplo. Na minha declaração de Imposto de Renda do ano que vem não
declaro nenhuma contribuição partidária ou para algum candidato. Se algum
candidato, inescrupulosa e sorrateiramente, usou meu CPF para declarar alguma
contribuição, a Receita virá por cima de mim. Como provar que não dei? Se fosse
para provar que dei, teria um recibo. Como não tenho como provar a
inexistência, corro o risco de ser tributado pelo que não doei.
Com estas que já apareceram e outras que aparecerão, com
candidatos semi ficha suja (estão condenados em primeira instância), com
verdadeiros 171 se apresentando como éticos e probos e com poder de fogo na
mídia, com vereadores carregados de assessores pagos com dinheiro público,
prefeitos com centenas de cargos comissionados a garantir votos próprios, dos
familiares e na cabala, fica difícil haver uma mudança radical no cenário
político municipal.
Há que considerar-se ainda que os deputados estaduais e
federais se envolvem de cabeça nesta eleição, porque dependem dos vereadores e
prefeitos para conseguir votos nas suas respectivas eleições.
É verdade que o terremoto que se abateu sobre a classe
política, especialmente sobre o PT, PP e parte do PMDB, fez com que houvesse um
rearranjo de forças, especialmente nas eleições dos prefeitos das capitais.
Estas mudanças implicarão em um novo arranjo político na macro política, ainda
que não se deve desprezar a capacidade dos profissionais do voto de se
articularem para sempre estar por cima. São surfistas do poder: sempre pegando
a onda.
Tenho esperanças, mas prefiro ser realista. Haverá mudança,
mas não no tamanho que a população espera e nem na medida que se precisa ter.
Mas, antes algo que nada!!
Marcos Inhauser
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