LITURGIA COMO CONJUNTO DOS RITUAIS
Somos
seres ritualísticos. Cada um de nós tem alguns rituais diários, alguns até
inconscientes. Há quem sempre se sente no mesmo lugar à mesa, para refeições;
quem sempre tome café na mesma xícara; quem sempre tenha alguns rituais para
tomar banho; etc.
Há
quem, ao entrar no templo, se curve; os que sempre levantam as mãos para orar
ou cantar, os que se levantam quando a Palavra é lida; etc.
Este
conjunto de “rituais” são práticas diárias que moldam o nosso jeito de ser e
cultuar.
Há
práticas cultuais que são rituais: sempre pedir à congregação para ler a
Palavra; ficar em pé para cantar; falar “amém” durante os cânticos ou pregação;
etc.
O
conjunto destes rituais e o ordenamento deles, vamos chamar de liturgia. Esta
palavra vem do grego e significa “o serviço do povo”, isto porque o culto é um
“serviço que o povo congregado presta”
Estes
“ritos”, sejam eles ligados ou não ao culto, nós os aprendemos pelo exemplo de
outras pessoas, ou por coisas que amamos e a elas devotamos um afeto diferente.
Imagine que tenho uma caneca que ganhei de alguém muito especial. Ao só usar
esta caneca, eu o faço por amor à pessoa que a deu para mim. É uma forma
ritualística de dizer “te amo” a quem a presenteou.
Há
ritos que construímos por amor a algo que gostamos de fazer. Imagine a pessoa
que adora tomar banho e que cria um ritual que a ajuda aumentar o prazer de
banhar-se.
Há
rituais que os construímos e praticamos para reverenciar uma pessoa amada. É o
caso dos filhos e filhas que tomam as mãos dos pais e as beijam e pedem a
benção. É o caso de alguém que respeita tanto uma pessoa, que, ao encontrá-la
se curva em sinal de respeito.
Todo
ritual é uma manifestação afetiva, uma demonstração de amor, por algo ou
alguém. Como seres humanos somos pessoas que amam, que têm afetos por outras
pessoas e por coisas. Os rituais são práticas que demonstram este amor e esta
reverência. Em parte, somos os rituais que praticamos.
Em
relação ao culto também temos “nossos rituais”: eles são a forma de mostrar
amor a Deus, a Jesus Cristo, ao Espírito Santo e também ao próximo. Levantar as
mãos ao orar ou cantar, ficar em pé em determinados momentos do culto, abraçar
quem está ao lado ou ao final do culto, lavar os pés de alguém na cerimônia a
isto dedicada, servir o pão e o vinho, ungir com óleo, participar da mesa ao
final, são rituais de amor a Deus e ao próximo.
O
conjunto destas práticas rituais são gestos e declarações de amor. Por trás
destes ritos há história, exemplos, imaginação, reflexão, atuação inconsciente.
O culto da igreja reunida, para ser entendido e conhecido, mais que conhecer as
doutrinas da denominação, deve ser entendido a partir das práticas rituais do
povo reunido. Os rituais cúlticos não são teológicos: são vivenciais.
A
reunião do povo em nome de Jesus (condição para ser igreja reunida) já é uma
declaração de amor a Jesus. Mas ao se encontrar com outros, é uma declaração de
amor ao próximo. Ao desejar a comunhão (objetivo do culto, porque culto que não
celebra e promove a comunhão pode ser qualquer coisa, mas nunca será um culto
cristocêntrico), a manifestação dos laços afetivos que ajuntam e mantém juntos
os irmãos e irmãs.
O
culto e a liturgia que o ordena, são formas de declarar o amor, fomentar laços
afetivos, criar vínculos relacionais.
PREGUNTAS PARA REFLEXÃO
Você tem algum “ritual” na sua vida?
Há
alguém na sua família que tenha um “ritual”?
Qual
o seu “ritual” quando está chega ao templo ou local de reunião?
Quais
os “rituais” que você pode citar de outras pessoas que vão ao culto que você
está?
Eles
são observados antes de iniciar o culto ou durante a realização do culto?
Você
entende que estes “rituais” ajudam você a cultuar?
Os
ritos que você identifica em você foram ensinados, exigidos pelos pais, ou você
os construiu?
Qual
o seu ritual particular que você crê ser o mais importante para a sua vida?
Você
concorda com a afirmação de que todo “ritual” é uma declaração de amor?
Qual
“ritual” praticado pela igreja com a qual você se reúne que expressa amor a
Deus, a Jesus e ao Espírito Santo?
Se o
culto é um ordenamento de rituais, e os rituais não têm teologia? Como explicar
isto?
Você
concorda com esta afirmação?
Você
tem consciência de que, ao ir ao culto, está fazendo uma declaração de amor à
Trindade e ao próximo?
Cultuar
é amar? Você concorda com isto?
Marcos Inhauser