Não é surpresa para ninguém que o Trump é um presidente
irascível e imprevisível. A sua imprevisibilidade é motivo de orgulho para ele
e de apreensão para os demais, tanto pessoas como governos.
O seu caráter iracundo já mostrou as garras em vários
episódios. Desde a questão do muro separando o México dos Estados Unidos,
passando pela forma como tem tratado os ilegais e as crianças, os filhos dos
que tentam entrar ilegalmente colocados em campos de concentração, até a forma
como tem lidado com questões internacionais. O início do diálogo com a Coreia
do Norte foi abruptamente interrompido por sua deserção, por motivos nunca bem
esclarecidos. A sua impetuosidade no trato das questões comerciais com a China,
a desconsideração para com o acordo firmado pelo Barack Obama na questão
nuclear do Irã, a saída do Acordo Climático, a decisão de sobretaxar aço e
alumínio brasileiros, são outros exemplos deste par de características:
imprevisibilidade associada à irascibilidade.
Fomos novamente surpreendidos pela sua decisão de matar o
segundo homem na estrutura de poder do Irã, o Qasem
Soleimani. A sua ira ele a direcionou ao Irã, na questão do acordo firmado
sobre o enriquecimento do urânio. E para fazê-lo usou o território do Iraque
que ele acha que é extensão do americano, uma vez que tem lá mais de seis mil
soldados. Um ataque ao Irã desde o Ira(que)!
Na geopolítica mundial, a ação teve implicações que envolvem
diretamente a I(s)rael, aliado ao qual destina sua fidelidade canina. Irã e
Iraque são inimigos figadais e, ao mexer com o Irã, o tabuleiro também balançou
para o lado da nação que já tem seus problemas com a vizinhança.
É imprevisível as ações que redundarão de tal ataque. A
retórica já experimenta graus de ebulição, mas, em se tratando de Trump, é
difícil dizer o que é verdade e o que é encenação. De uma coisa podemos estar
certos: haverá retaliação. O problema está em definir quando e como. Mas, aqui,
com meus botões, acho que quem vai pagar o pato, será Israel.
A justificativa para tal ataque é que o Soleimani era um
terrorista e que os EUA têm o direito de combatê-los onde quer que seja. A
definição de terrorista é subjetiva e se alinha com os interesses dos EUA. Já
escrevi aqui, em outra oportunidade, que o que os EUA fizeram no Afeganistão,
foi terrorismo. O ato de um homem e seus poucos aliados (Bin Laden) foi
alastrado para toda uma nação. Como terrorista foi classificado o exército
norte-americano, uma forma de retaliação feita pelo Irã.
Parece que, afirmar que alguém é terrorista, é a mesma coisa
é como dizer que alguém é herege: sempre o outro o é e o é por questões
menores. No entanto, a mesma classificação poder-se-ia dar ao exército e
serviço de inteligência israelitas. Sob o pretexto de retaliar ataques de
terroristas palestinos, têm desferido duros golpes conta a população civil.
Quando confrontados com os danos civis, falam de danos colaterais ou que eram
terroristas travestidos. A Ira justifica tudo!
Ira, ódio, vingança, retaliação. Palavras que fazem parte da
cultura de muitos governantes e países. Pasma-me que, entre eles o que são
religiosos (Irã), uma nação religiosa (Israel), um presidente aliançado aos
evangélicos (Trump e a recente participação no encontro de Miami, os discurso de
que os democratas querem impor uma agenda antirreligiosa), o discurso de ódio
com todos os que são diferentes ou pensam diferentemente.
Ira, iracundo, irascível, ir(r)acional, imprevisível,
intempestivo, impulsivo, insolente, inábil, inapto e inepto para o poder e a
liderança. Este é o homem que promove a ira. Mais que isto, tem gente que se
orgulha de imitá-lo!
Marcos Inhauser
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