Ainda que muitos acreditem
que tenha sido Salomão quem o escreveu, gente séria nos estudos do AT não
cravam esta autoria, preferindo chamá-lo de Coelet (Pregador). Com certeza era
alguém já experiente na vida (talvez bastante avançado em dias), atento aos
fatos e deles tirando lições para a vida. Tinha uma visão um tanto quanto pessimista.
Estudando-o com certa profundidade, cheguei à conclusão que há uma
espiritualidade na depressão.
No seu escrito há alguns
refrães que dão a tônica das suas reflexões: “vaidade das vaidades, tudo é
vaidade”, “nada há que seja novo debaixo do sol”, “tudo é vaidade e desejo vão”,
“proveito nenhum há debaixo do sol”. Estes refrães parecem indicar uma pessoa
fatalista, acomodada, depressiva, cansada da vida.
Já tive momentos na vida em
que me identifiquei com o Coelet. Estou em uma fase em que, outra vez, encontro
nele guarida para meus pensamentos e reflexões.
Olhando à minha volta,
constato que tudo é vaidade. Assisti a sessão do STF que discutiu por horas se
iria aceitar discutir e que acabou não decidindo o mérito. Antes, pelo
contrário, ministros regiamente pagos, se ausentam porque tem uma passagem
marcada e, com isto, suspendem uma decisão que a nação ansiosa e justamente
aguardava. Mais, o que vi na sessão foi um desfile de egos, cada qual querendo
mostrar suas credenciais acadêmicas. A pantomima começou com o advogado de
defesa que recitou um trecho de autor francês, fazendo-o na língua original. Os
demais, meio que se sentindo inferiorizados, também sacaram de sua alforja o
que sabiam de francês ou latim para não ficar por baixo.
Os votos dos ministros são
peças retóricas para ficar mais tempo à frente das câmeras, porque o
ego/narcísico assim exige. É um rosário de jurisdiquês, de elucubrações, para que
os leigos não entendam e achem que eles sabem o que estão fazendo por causa do
linguajar hermético.
Nada de novo sob a luz do
sol. As querelas são as mesmas, as tensões internas também, as tratativas de
excelência e iminência são usadas até quando se ofendem. Eles mudam de opinião
qual biruta de aeroporto, ao sabor dos ventos e das conveniências.
Quando se pensava que a Lava
Jato era um sinal de esperança no universo da justiça brasileira, eis que o STF
faz uma hermenêutica da conveniência. Quando aluno de direito aprendi que juiz
não lê a capa do processo porque deve julgar sem considerar os envolvidos, não
importando quem fosse, porque todos devem ser tratados igualmente perante a
lei. Não é o que vejo no STF. Lá o cliente e os advogados do cliente pesam, e
muito, na prolatação da sentença.
Nada de novo sob a luz do
sol. Se fosse o Mané da Silva, seu HC estaria na fila dos 4900 e sua liberdade
não sairia nem depois de cumprir a sentença. Mas como é Lula da Silva, a coisa
é diferente, assim como foi diferente para o Barata (rei do ônibus, amigo do
Gilmar), o Abdelmassih (solto pelo Gilmar, que depois fugiu do país), o
Cacciola (solto pelo Gilmar, que depois foi viver regiamente na Itália), o Eike
Batista (solto pelo Gilmar que está solto jantando caviar), e outras tantas
sentenças ilógicas e inacreditáveis que o Marco Aurélio, Toffoli e Lewandovsky
têm dado.
“Vi ainda debaixo do sol que
no lugar da retidão estava a impiedade; e que no lugar da justiça estava a
impiedade” (3:16). É como sinto, vejo e porque me desanimo.
Só Jesus na causa!
Marcos Inhauser
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