Recebi o seguinte artigo de um amigo, Abimael
Cereda Júnior, que editei e o publico aqui, por apresentar algo que nunca havia
pensado.
“Não importa o estilo musical que você gosta de
ouvir, consumir ou apreciar. Com certeza você já prestou atenção em um
guitarrista de blues. Poderíamos ficar horas discutindo – e alguns até
brigando – para chegar a nenhum consenso sobre qual seria o melhor do mundo.
Mas, neste momento, pense naqueles guitarristas
que, ao tocarem, estão mais que transferindo energia aos dedos e palheta. Artistas
que, ao criarem uma música ou interpretarem uma canção, vão além da execução de
notas dispostas na partitura; pessoas que utilizam o ‘instrumento’, ‘cabos’ e
‘amplificador’ não como simples equipamentos, mas como extensão do corpo para
realizar algo que organicamente não se tem. Chamamos isto de técnica.
B.B. King não nasceu com cordas nos braços ou
amplificador no corpo, mas transformou madeira, metais e eletroeletrônicos em
extensão física, para além de sua mente e alma: e a chama de Lucille.
Coloca em cada nota e bend não só a urgência desta no lugar certo, no
momento correto. Sente, analisa e interpreta e utiliza a caixa de ferramentas
disponível em seu cérebro.
Você pode entrar em um site, comprar uma
guitarra, pedais, amplificador, guias de aprendizado, um ‘jogo’ interativo para
o videogame, acessar vídeos na Internet ou mesmo comprar revistas e sair
tocando sua música ou riff preferidos; aprenderá técnicas, acordes,
dinâmica e tempo. Mas quando e como você atingirá o nível de interpretação
daquele que brinca com os sons e, de repente, está criando novidades?
Quando se criam mapas, seja para o cálculo do
melhor caminho para a loja mais próxima, para auxílio dos gestores públicos na
definição da aplicação de recursos ou para a denúncia sobre um problema em seu
bairro estamos utilizando técnicas de Análise Espacial e o mesmo fenômeno dos
guitarristas ocorre.
Você pode adquirir o melhor hardware
disponível no mercado (desktops, notebooks, smartwatchs);
pode adotar mais que um software e uma Plataforma Tecnológica que
permite a utilização de técnicas e métodos para coletar, armazenar, modelar,
analisar e compartilhar seu problema de negócio – desde a localização dos seus
clientes, cálculos de risco ambiental, proposição da criação de uma nova
escola; contudo, a componente principal continua sendo o músico
Poderíamos abolir o termo ‘usuário’ e usar ‘cidadão’.
Afinal, mapas pressupõem a representação – mesmo que ilustrativa em
algumas situações – do Território, vivendo o Lugar.
Temos urgência por respostas territoriais “no
local certo, no momento certo”. A utilização da Inteligência Geográfica –
integração da Geografia e Tecnologia – pode trazer estas respostas, assim como
um guitarrista constrói a melodia pela continuidade de suas notas e, desta
construção, a transformação. E, um mapa, vale mais que mil imagens e tabelas.
Ferramentas tecnológicas são aplicadas à Ciência
Geográfica desde seu início. Antes a extensão que precisávamos eram bússolas (e
alguns pássaros já nascem com ela), barbantes, criação de projeções para
planificação, nanquim e tantos outros instrumentos. Hoje, podemos empoderar
toda a sociedade como construtora do seu Espaço pelo uso da Inteligência
Geográfica.
E então? Tocar é somente técnico? Não. Analisar o
Espaço Geográfico utilizando extensões tecnológicas? Muito menos. B.B. King ao
interpretar o que talvez seja uma de suas músicas mais conhecidas – Thrill
Is Gone – desvela uma nova história a cada show. Que possamos revelar e
construir um novo mundo, em plena transformação, que vive em uma relação
dicotômica de estabilidade dinâmica. Construamos o Novo!
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