Viajei dos Estados Unidos para o Brasil no dia 01 de março,
chegando ao Brasil no dia 02 pela manhã. Tinha estado na Califórnia (clima
ameno) e Dayton – OH e Richmond – IN (climas bastante severos, com nevadas e temperaturas
abaixo de zero).
Ao chegar fui visitar minha mãe no hospital, pois a mesma,
com 90 anos de idade, havia sofrido uma queda e quebrado o fêmur. Na terça, dia
03 voltei a visitá-la na parte da manhã, mas, depois do almoço comecei a ter
tosse, coriza, febre de 39 e muitas dores pelo corpo. Liguei para o SAMU
pedindo orientação sobre como ser atendido e eles, depois várias pessoas que
não quiseram dar instruções (isto eu ouvia pelo telefone, ao fundo), uma delas
veio e me disse que deveria ir ao Pronto Socorro. Achei um tanto estranha a
orientação, pois, se estava infectado para um local de concentração de pessoas.
Fiz segundo a orientação recebida e me dirigi, acompanhado
de minha esposa, para o pronto socorro de um hospital de Campinas. Ela se dirigiu
ao balcão, falou da suspeita e imediatamente me levaram para uma sala isolada.
Até aí, tudo bem. A minha surpresa e estarrecimento começou quando médico
plantonista, sem nenhuma proteção que o caso exige, entrou na sala, pediu que
eu abrisse a minha boca, disse que estava com secreção de pus, mas que não era
corona porque não havia caso “autóctone”. Argumentei que estava chegando dos
Estados Unidos e que não se tratava de um caso autóctone brasileiro. Ele
reafirmou que não havia “casos autóctones nos Estados Unidos” e que,
definitivamente eu não estava com o corona vírus. Ele me deixou ali mais um
tempo, minha esposa depois for ver o que que estava acontecendo e ele disse que
eu não estava com dengue e que deveria tomar dipirona para a febre. Voltei para
casa e, por conta própria, decidi entrar em isolamento.
Na sexta-feira o quadro se gravou e voltei a outro Pronto
Socorro. Fui atendido com a presteza e cuidados que o quadro ameritava. O
médico, todo paramentado com vestes apropriadas me examinou, fez uma série de
perguntas e colheram material para o teste. Disse que iria me deixar em
isolamento porque eu apresentava ciclos respiratórios curtos. Argumentei que
tinha condições de ficar em isolamento em minha casa e que me comprometi a
voltar caso o quadro se modificasse. Nisto estou desde o dia 6 de março.
Tal como orientado, nos primeiros dias, recebi chamadas telefônicas
de controle, buscando informações sobre meu quadro. Comecei a perguntar sobre o
resultado do teste e nada de me darem resposta conclusiva. Houve um dia em que
eu disse que estava em isolamento e assim permaneceria por consciência da
gravidade e que minha permanência não dependia do controle deles. Que eu estava
fazendo a minha parte e que estava esperando que eles fizessem a parte deles: o
resultado do teste. Nunca mais me ligaram!
Acionei alguns contatos e um deles, que tem acesso aos
resultados do Fiocruz, me informou que meu resultado só sairá no dia 06 de
abril! Fiquei indignado. Voltei ao hospital, mesmo porque a tosse persiste em
ficar, e novo teste foi feito, cujo resultado demora quatro dia úteis! Não
sabia que o corona trabalha só nos dias de semana.
Aqui estou de molho há 14 dias, sem perspectiva de alta e
sem saber se o que tenho é o corona. Descobri que a mídia do governo é muito
melhor que a prática, que, mesmo com um plano de saúde, estou nesta pendência e
espera. O que será dos que precisam e precisarão nos momentos de pico da
pandemia? Não quero nem pensar!
Marcos Inhauser
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