Não concordo com nada do que a seguir vou dizer. Trata-se de
um exercício de realismo fantástico.
Está assentado por todas as fontes confiáveis que a Covid-19
ataca a todos indistintamente, sendo que, na população com mais de 60 anos e portadora
de alguma comorbidade, ele é fatal com taxas superiores às outras idades.
Imagine que ministros da Economia de alguns países, sejam
formados e orientados pelas ideias de Nicolau Maquiavel, aquele que, entre
outras coisas disse que “os fins justificam os meios” e o “mal se deve fazer de uma só vez e o bem
deve vir a prestação” (citei as ideias e não as frases exatas). Imagine que
estes ministros e o governo que eles participam têm sérios problemas com a
Previdência, especialmente porque a idade da população está aumentando
exponencialmente. Imagine que eles fazem cálculos, puxam daqui, esticam dali e
não encontram onde arrumar oxigênio para manter esta população geriátrica viva
ou mesmo como diminuir os custos sociais e médicos que tal parcela da população
acarreta.
Estes ministros enviam aos Congresso dos seus países projetos
de Reforma da Previdência e enfrentam forte resistência da população, da mídia,
da parte afetada e, especialmente, dos funcionários públicos (do legislativo,
executivo e judiciário) porque a pressão para que seus salários de marajá sejam
reduzidos é muito forte. Os ministros já retardaram as aposentadorias, mexeram
nos benefícios, precarizaram a saúde para ver se a geriatria desistia de ir a
hospitais. A reforma sai capenga, mas sem mexer no grande problema: os velhos
aumentam como juros de agiota e os marajás continuam carvalhos: “imexíveis”.
Aí vem o Corona!
Há clamor popular para que se tomem medidas, mas os mesmos
que pedem providências têm dificuldades em aceitar o autoexílio. Os chefes-mor
minimizam e dizem que é gripezinha. Alguns outros líderes de países fazem coro.
Conversas prá todo lado, simulações mil sobre a curva de
infecção e a possibilidade de achatamento dela para que o sistema de saúde não
se colapse, os primeiros casos de morte são idosos que estavam no Sistema
Privado de Saúde, fala-se no pior, prepara-se a população para um genocídio
etário, entenda-se geriátrico. Aventa-se a impossibilidade de ter isolamento
nas periferias das grandes cidades, fala-se da Índia, Bangadlesh, Afeganistão, a
falta de água e sabão em muitas residências, compara-se a Itália, com a China,
Coreia, Alemanha, França, Reino Unido. Acentuam-se as cores na quantidade de
velhos morrendo. É uma forma sub-reptícia de dizer: preparem-se, os velhos
morrerão.
Neste turbilhão liberam-se a astronômicas quantidades de
recursos para aumentar o número de leitos e UTIs que não se sabe se vão se
tornar reais nas proporções prometidas. Especialistas criticam a decisão. Alguns
altruístas destinam pequena parcela de suas polpudas reservas para que o
sistema de saúde tenha mais uns segundos de sobrevida. O tempo corre e a curva
das mortes se acentua. Montam-se esquemas alternativos. O povo é destinatário
de um monte de Fake News e a internet colapsa pela quantidade de gente em casa
usando streaming. Surgem profetas, pregadores, especialistas, residentes em
algum canto infestado, todos trazendo sua verdade sobre a crise, reforçando a
ideia que é esperar que vai passar. Tudo vai dar certo! Vejam a China!
Pouca conversa de vizinhança, nada de papo de boteco onde as
coisas podem ter uma interpretação diferente da mídia dominante.
Os maquiavélicos, em seus gabinetes desinfetados e imunes à
desgraça, esperam a Reforma da Previdência que a natureza está promovendo. No
final da crise, muitos dos aposentados não mais terão que ser pagos porque
morreram. Alivia-se a curva ascendente e agora descendente dos gastos
previdenciários. O fim da geriatria vai se conquistando. Uma nova realidade
Previdência se implantará, graças a Maquiavel e seus seguidores.
Quem sobrou vivo vai dar graças a Deus por ter escapado do
vírus. E a massa ignara aplaudirá os esforços feitos pelas “otoridades”.
As cenas aqui descritas são pura ficção e não têm nenhuma
semelhança com qualquer fato real. Quem assim interpretar está dá sinais de que
é analfabeto.
Marcos Inhauser
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