Li,
com irritada avaliação, a decisão recente do plenário
do Senado que
aprovou nesta semana o projeto conhecido como “dez medidas da corrupção”, mas com um aditivo
preocupante: a punição ao abuso de autoridade de magistrados e integrantes
do Ministério Público. A proposta retornará à Câmara, porque modificada pelos
senadores.
As “dez medidas contra a corrupção” tiveram a iniciativa do
Ministério público em 2015, receberam amplo apoio popular, sendo encaminhada
com milhões de assinaturas, mas teve sua tramitação desacelerada pelos nobres
legisladores, mais afeitos às suas férias e finais de semana prolongados que ao
trabalho para o qual são regiamente pagos. As dez medidas foram desfiguradas
pela Câmara em votação no final de 2016.
Depois de mais de dois anos parada no Senado, eis que
ressurge, concidentemente quando apareceram as aludidas conversas entre o
ex-juiz Moro e integrantes do Ministério Público, no desenvolvimento da Lava
Jato.
A
inclusão do “abuso de autoridade” foi feita, há duas semanas, a pedido do
presidente Davi Alcolumbre. Ela não entrou na pauta da CCJ e havia a intenção
de votá-la direto no plenário, sem passar pela CCJ. Não houve acordo e a
votação foi feita esta semana.
O
projeto prevê que juízes e membros do Ministério Públicos ficam sujeitos a penas,
inclusive de prisão se atuarem com "evidente motivação
político-partidária" ou participarem em casos em que sejam impedidos por
lei.
Também
se restringe comentários públicos sobre processos em andamento, sendo mais
rígida para juízes, a quem se proíbe "opinião" sobre processos. Também
ficam proibidos de emitir um "juízo depreciativo" sobre decisões de
colegas.
Adoraria
ver estes parâmetros aplicados aos ministros do STF, especialmente os mais
verborrágicos como o Gilmar Mendes, Marco Aurélio e Levandovsky, useiros e
vezeiros na arte de se pronunciar fora e antes dos autos.
Mas
o que mais me irrita é que, os mesmos que assim legislam, também deveriam
legislar sobre o “trabalho” dos deputados e senadores. Eles ganham para
trabalhar, como qualquer funcionário. Só trabalham nas terças, quartas e
quintas e no final da quinta já estão de volta às suas bases. São três dias por
semana, mais os recessos e férias que chegam a mais de dois meses por ano. As
faltas são abonadas.
Também
mostram extrema habilidade na arte de enrolar e empurrar com a barriga a
decisão de temas importantes, como agora se dá na análise da Reforma da
Previdência. Doutores na arte de falar sem dizer nada, gastam todo o tempo que
podem para, ao menos, aparecer nas telas das TVs legislativas, como se isto
garantisse votos, uma vez que a audiência destas TVs é traço.
Porta
vozes de interesses corporativos, o presidente Rodrigo Maia se abespinhou
quando o ministro Guedes disse que a proposta original tinha sido desfigurada
pela pressão dos servidores legislativos. Agora a Bancada da Bala, por não ver
atendido o pleito de se dar aos policiais e relacionados a mesma deferência
dada aos militares, afirma que, ao menos 27 votos do PSL (partido do presidente),
não votarão com o governo.
Eleitos
pelo povo, trabalham pouco e defendem os interesses de uma minoria
privilegiada. Quem paga seus salários e aposentadorias rala todos os dias da
semana para sustentar uma nata de folgados e braços-curtos.
Uma
lei de “abuso da folga” deveria ser editada para colocar esta gente nos trilhos
e trabalhando.
Marcos
Inhauser
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