Leia mais

Há outros artigos e livros de Marcos e Suely Inhauser à sua disposição no site www.pastoralia.com.br . Vá até lá e confira

quarta-feira, 26 de junho de 2019

EVANGELIZAÇÃO DA GANÂNCIA


Nos idos de 1514, vinte e dois anos depois que Colombo aportou às terras da América, na ilha que hoje é Santo Domingo, se fez o relatório Albuquerque, onde se relatava o massacre a que os indígenas estavam sendo submetidos. Neste processo de extermínio era comum uma prática espanhola que cortava as mãos dos prisioneiros de guerra e, em seguida, se obrigava aos assim mutilados a sair correndo até que morressem, prática esta também usada por Espanha no extermínio dos indígenas. Para as mulheres a prática consistia, ademais da mutilação das mãos, também a dos seios. Ela tinha o objetivo de semear o terror nos nativos.
Para se ter uma ideia da sanguinolência dos “colonizadores”, deve-se mencionar o Campo de batalha de Añaquito. Benito Juárez de Carbajal buscava o representante do monarca Carlos, o vice-rei Blasco Nuñes de Vela. Ao encontrá-lo, o cobriu dos mais variados impropérios, desconsiderando que o vice-rei já estava enfermo e combalido. O próprio Benito teria cortado a cabeça do infeliz, não fosse a admoestação de Pedro Puelles, pelo que pediu a um escravo que o fizesse, mas teve o cuidado de pegar a cabeça pelas barbas, pintar-lhe os lábios, passar uma corda pelos olhos e o amarrar em seu cavalo, desfilando com o troféu por onde fosse. Se fez isto com um conterrâneo, o que não fez com os nativos?
E por que o faziam? Pelo ouro e pela prata que extraiam daqui e mandavam a Europa. A riqueza dos países de Europa está vestida do sangue destes nativos que, ou foram mortos, ou foram obrigados a trabalhar para os colonizadores que vieram trazer a nova fé pela evangelização. Bartolomé de las Casas, voz profética neste império de terror, disse: “A causa foi a cobiça e ambição insaciáveis que (os colonizadores) possuíam, que foram maiores que podem existir no mundo, por ser aquelas terras (América) tão felizes e ricas, e as pessoas tão humildes, tão pacientes e tão facilmente submissas, pelas quais (os colonizadores) não tiveram respeito, nem estima, que não as trataram como bestas, mas como esterco das praças”.
Muitas outras coisas poderiam ser descritas para que se tenha uma ideia mínima do que foi o horror da “evangelização da América pela mão dos colonizadores”. Este afã de dar cores religiosas ao ímpeto ambicioso, levou sacerdotes a fazer batismo no atacado, reunindo todos de uma aldeia e borrifando água sobre eles, na convicção de que estavam batizando a todos e assim salvando suas almas do inferno. Com Atahualpa, a quem a lenda atribui ter muito ouro, se conta que pagou uma montanha aos seus captores e em seguida o levaram para o sacrifício. No desejo que que não morresse pagão, o batizaram momentos antes de sacrificá-lo.
Conta-se ainda que, mais especificamente no Brasil, com o surto da malária, muitas crianças estavam morrendo. Os sacerdotes, no desejo de salvá-los, iam até eles e os batizavam. Como morriam logo em seguida, a água do batismo passou a ser chamada de “água da morte”, e os pais recusavam que fossem batizadas. Inventou-se então o “batismo sub-reptício”, quando o sacerdote levava escondido um pano molhado e, sem que os pais percebessem, apertavam o lenço e umas gotas de água deles saíam, considerando isto como batismo salvador.
Trago estas coisas porque, no momento que vivemos, muitos há que estão imbuídos de uma religiosidade da ganância, onde o ouro e a prata dos fiéis o que os move, onde a teologia da prosperidade só enriquece os pregadores e donos de igrejas, onde as práticas sub-reptícias e terroristas, incitam os incautos a encher as borras dos “evangelizadores”. E há os que ostentam títulos de deputados e senadores!
Marcos Inhauser

Nenhum comentário:

Postar um comentário